Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista, destacou que a baixa adesão à terceira dose da vacina a Covid-19 pode comprometer o plano de vacinação no país, ele comentou nesta segunda-feira (21) ao UOL.
“Por volta de quatro a cinco meses após a vacina, há uma queda na capacidade de anticorpos para defender o corpo contra o coronavírus. Atualmente, mais de 70% das pessoas que deveriam ter tomado a terceira dose não tomaram… Só 30% tomaram”, disse Vecina Neto.
“É fundamental a vacinação de pessoas com a terceira dose da população com 18 anos ou mais”, comentou. “Terceira dose protege contra internação e morte. Entre os hospitalizados, em grande medida, estão pessoas que não foram vacinadas ou não tiveram ciclo vacinal completo.”
Ele ainda alertou que a onda de infecção não é um risco para a vacinação. “O corpo precisa ter condições de produzir anticorpos. Deve-se esperar um prazo de 30 dias para tomar a vacina ou dose de reforço quem teve a doença”, alertou.
As pessoas que tomaram a segunda dose há pelo menos quatro meses, podem receber a terceira dose de reforço. Neste sábado (19), o número de pessoas que receberam duas doses ou a dose única das vacinas contra a Covid-19 no Brasil chegou a 153,9 milhões, o equivalente a 71,63% da população. Mais de 170 milhões de habitantes do país, o que corresponde a 79,63 da total, foram vacinados com ao menos a primeira aplicação.
O levantamento dos dados, são reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto a secretaria de 26 estados e Distrito Federal. De acordo com informações do jornal O Globo divulgado nesta segunda-feira (21), 33 milhões de pessoas no Brasil aptos a tomarem a dose de reforço ainda não apareceram nos pontos de vacinação.
O levantamento mostra que o Estado com mais pessoas atrasadas é São Paulo, que acumula 8 milhões de pessoas que podem tomar a terceira dose, mas não tomaram. Logo atrás do estado está Pará (3,3 milhões); Minas Gerais (3 milhões); e Bahia (2,7 milhões).
Ainda é cedo para 4ª dose
De forma geral, na avaliação do médico Vecina Neto, ainda está cedo parra pensar em começar a aplicação de uma quarta dose para população geral. “Temos problemas para adotar uma quarta dose da vacina porque faltam evidências científicos robustas e a maior parte da população ainda não tomou sequer a terceira dose”, disse. “Pessoas imunocomprometiodas e os muito idosos precisam tomar a quarta dose. De resto, estamos em discussão.”
A análise do sanitarista está de acordo com a nota informativa divulgada no começo deste mês, em que o Ministério da Saúde se posicionou contra a aplicação da quarta dose de vacina contra a Covid-19, na população geral, inclusive em pessoas com 60 anos ou mais. Para o grupo que subsidiou o documento, há necessidade de evidências científicas mais concretas para a inclusão de mais uma dose de reforço no esquema vacinal.
“O Ministério da Saúde, com base nos dados existentes neste momento, não recomenda a quarta dose de vacinas ou segunda dose de reforço contra a covid-19 para população geral, incluindo indivíduos a partir de 60 anos de idade”, orienta o informe.
A orientação da Ctai se manteve de que as pessoas imunocomprometidas acima de 12 anos devem tomar uma segunda dose de reforço. Enquadram-se nesse grupo.
Pessoas com HIV;
Pessoas com imunodeficiências;
Pessoas com neoplasias hematológicas;
Transplantados de órgão sólido ou medula óssea;
Pessoas com doenças reumáticas e em uso de corticoides;
Pessoas que fizeram quimioterapia 6 meses antes da vacina.
Para o público de 17 anos o reforço deve ser com a vacina da Pfizer. A recomendação da pasta está alinhada com a posição do ministro Marcelo Queiroga.
???? O app do Poupatempo Digital tem diversas facilidades para o cidadão, incluindo serviços da vacinação contra COVID-19. Por lá é possível consultar as datas indicadas para retorno da 2ª e 3ª dose, além da Carteira Digital e validação do certificado. pic.twitter.com/IBjzd4uOyE
— Secretaria da Saúde SP (@spsaude_) February 21, 2022