ESTRESSE

Como sobreviver ao cansaço de final de ano?

A psiquiatra Dra. Jéssica Martani relata as consequências deste cansaço acumulado, mas cita ações que ajudam a minimizar o problema

O cansaço, muitas vezes, não recebe a atenção necessária, mesmo sendo um assunto sério e com potencial destrutivo.
O burnout é uma síndrome decorrente do estresse crônico no local de trabalho que não foi devidamente gerenciado, resultando em exaustão – Crédito: Freepik

Em consultórios de psiquiatria, é recorrente ouvir frases como: “Estou exausto, minha energia está no fim” e “Preciso parar um pouco, não vejo a hora desse ano acabar”. À medida que o ano chega ao seu desfecho, o cansaço bate e as exigências em relação à conclusão de tarefas aumentam. Dezembro marca o início da maratona de encerramento anual, com empresas fechando, metas sendo reestruturadas e uma carga significativa de responsabilidades.

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Definida pela OMS como um fenômeno ocupacional, o burnout é uma síndrome decorrente do estresse crônico no local de trabalho que não foi devidamente gerenciado, resultando em exaustão, distanciamento mental do trabalho e queda na produtividade. Infelizmente, nem sempre é possível controlar o cansaço e nem todos têm a flexibilidade de tirar férias ou simplesmente desconsiderar suas responsabilidades para relaxar.

As consequências do cansaço de final de ano

O cansaço, muitas vezes, não recebe a atenção necessária, mesmo sendo um assunto sério e com potencial destrutivo. Quando estamos exaustos, nosso pensamento fica comprometido, aumentando a propensão a decisões equivocadas e ações impulsivas para lidar com problemas imediatos. Esse alívio momentâneo pode vir acompanhado de sentimentos de culpa e frustração, caso a atitude tomada não seja a mais adequada.

Em meu consultório, observo como a fadiga se torna um portal para questões psíquicas, incluindo ansiedade, depressão e deterioração da concentração. Estar cansado nos coloca em situações de risco, como conflitos no trânsito e discussões desnecessárias no ambiente familiar ou profissional.

Além disso, insônia, negligência com o autocuidado e comportamentos compulsivos, como comer excessivamente, são sintomas comuns quando estamos esgotados, comprometendo nossa capacidade de fazer escolhas conscientes. Confira algumas dicas da Dra. Jéssica Martani sobre o tema em entrevista ao portal Bons Fluídos:

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Práticas de meditação

A meditação atua como um refúgio para a mente, permitindo um breve afastamento da agitação diária e do constante estímulo dopaminérgico dos eletrônicos. Além disso, ela nos conecta mais com o presente. Estudos indicam que a meditação não apenas promove relaxamento, mas também pode aprimorar a memória e o sono. Atualmente, há diversos aplicativos disponíveis, alguns gratuitos, que facilitam a incorporação dessa prática na rotina.

Exercícios físicos

A prática regular de exercícios não apenas descarrega as energias acumuladas, mas também estimula a liberação de neurotransmissores associados à sensação de paz. É crucial reservar parte do dia para o bem-estar pessoal, não se limitando apenas a lidar com questões profissionais.

Contato com a natureza

Fazer pausas para passeios no parque e estar em contato com a natureza contribuem significativamente para acalmar a mente.

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Reflexão sobre erros

Em vez de se punir por erros cometidos, uma abordagem construtiva é analisá-los, compreender suas causas e aprender com eles. A autocrítica excessiva pode obscurecer novas oportunidades.

Breves pausas no trabalho

A cada 60 a 90 minutos de atividade no trabalho, pausas curtas de dois a cinco minutos são recomendadas para renovar a energia e aumentar a produtividade.

Contato social positivo

Ter contato social é necessário, pois somos seres que dependemos dessas relações interpessoais. Que tal telefonar para aquela amiga bem humorada e dar risada, ou conversar com alguém para desabafar? Tudo isso pode fazer diferença no final.

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Tempo para lazer

Quando estamos cansados, pensamos cada vez menos em nós mesmo e no nosso lazer. Se fizermos apenas nossas obrigações, nosso corpo não suportará a pressão, principalmente nessa época do ano, em que já estamos sobrecarregados.  Por isso é tão importante incluir na rotina atividades que contribuam para a renovação de energia, como se dedicar a um hobby, ouvir sua playlist favorita, realizar atividades artísticas, se presentear com uma massagem e tantas outras coisas.

Rotina regulada

Manter horários regulares para comer, dormir e acordar contribui para a organização do relógio interno e promove uma sensação de equilíbrio. Hoje sabemos que ritmos circadianos alterados são capazes de desregular diversos hormônios, contribuindo para a queda de imunidade e aumento de ansiedade e depressão, além contribuir para a desregulação do peso.

Psicoterapia

Muitas vezes, a exaustão mental ocorre, pois nos culpamos demais, nos comparamos demais e não conseguimos dizer não. A terapia surge como um grande adjuvante no apoio ao estresse e no cansaço emocional, principalmente durante o final do ano. A psicoterapia ajuda a superar a autocrítica excessiva, comparações prejudiciais e lhe auxilia a desenvolver habilidades para dizer não quando necessário.

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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