"rei das travessias"

Quem é o magnata egípcio que lucra com o deslocamento de palestinos?

Há 15 anos, Ibrahim al-Organi estava em uma penitenciária no Egito, mas atualmente é um dos maiores aliados do presidente Abdel Fattah al-Sisi e já faturou milhões de dólares com as fugas de Gaza

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Magnata egípcio Ibrahim al-Organi – Crédito: Divulgação/Organi Group

Em meio à guerra na Faixa de Gaza, um magnata egípcio ficou conhecido como o “Rei das Travessias”. Há 15 anos, Ibrahim al-Organi estava em uma penitenciária no Egito, mas atualmente é um dos maiores aliados do presidente Abdel Fattah al-Sisi e já faturou milhões de dólares com a fuga de palestinos de Gaza.

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Em pouco mais de sete meses de conflito, um número crescente de palestinos tenta sair da Faixa de Gaza. Com as fronteiras controladas, a única forma de fugir do território passa pela empresa Hala Tourism Services, do magnata egípcio.

Fundada em 2019, a companhia, que supostamente tem ligações com os serviços de segurança do Cairo, registra os nomes de palestinos na lista egípcia de viajantes autorizados a entrar no país e opera o transporte na fronteira, em Rafah, até a capital do Egito.

Como funciona o deslocamento dos palestinos

Ao Globo, um palestino que mora no Egito contou que, antes da guerra em Gaza, havia poucas opções para sair do enclave. Em resumo, a pessoa precisaria ser estudante ou comprovar a necessidade de tratamento médico fora de Gaza.

“Nesses casos, a pessoa iria até um escritório do governo e solicitaria a permissão. Se tivesse uma razão válida, eles dariam uma data para a viagem”, relatou. No entanto, sem esses motivos, era recomendado que a pessoa procurasse a Hala. “Antes da guerra era mais rápido, porque menos pessoas viajavam. Agora, sei de casos em que o processo demorou um mês”, acrescentou.

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Ou seja, ainda que essa atuação da empresa não seja uma novidade, a guerra aumentou exponencialmente o volume de deslocamentos. Além disso, as taxas cresceram mais de 1.900%.

Nesse sentido, de acordo com o portal Middle East Eye, na média do mês de abril, a Hala faturou cerca de US$ 2 milhões por dia. Em perspectiva, até o final do ano, caso a média de abril seja mantida, a empresa pode lucrar mais de meio bilhão de dólares, o que corresponde a cerca de R$ 2,5 bilhões.

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O magnata egípcio das origens à prisão

Ibrahim al-Organi tem 50 anos e começou sua trajetória como motorista de táxi na Península do Sinai, em paralelo com atividades de contrabando para Gaza e Israel. Se envolveu em protestos em razão de atentados que ocorreram entre 2004 e 2006. Ao mesmo tempo, atuou como mediador entre as forças de segurança e tribos.

Já em 2008, como parte da mediação, o atual empresário enviou seu irmão para tentar conter os confrontos e protestos em frente a uma delegacia na Península do Sinai. Contudo, na ocasião, seu irmão foi morto. Ele chegou a revelar, em 2011, que um policial deu 121 tiros nas costas de seu irmão, o qual foi enterrado, posteriormente, em um lixão próximo à fronteira com Israel. Segundo al-Organi, isso foi feito para criar a falsa percepção de que ele morreu em operações de contrabando.

Em resposta ao ocorrido, al-Organi e outros membros de tribos cercaram delegacias e fizeram dezenas de policiais de reféns. No final das contas, ele foi preso. Além disso, relatou que foi vítima de repressão policial e se colocou como um defensor de sua tribo perante a violência das forças de segurança.

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Líder de milícia no Sinai

Quando saiu da prisão, se firmou como líder da mílicia no Sinai. Após um tratado de paz entre o Egito e Israel que determinou restrições ao número de tropas egípcias na região, o autocrata egípcio se voltou às tribos locais, incluindo a de al-Organi, para combater os terroristas em conjunto com as forças do Exército.

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