IMUNIZAÇÃO

Baixa adesão a vacinas de rotina pode reviver doenças já erradicadas no Brasil

Em 2019, o Brasil perdeu a certificação de país livre de Sarampo e em 2021, apresentou menor índice de vacinação em três décadas

Para se imunizar contra a gripe e prevenir demais complicações respiratórias, basta comparecer à Unidade Básica de Saúde (UBS)
Para se imunizar contra a gripe e prevenir demais complicações respiratórias, basta comparecer à Unidade Básica de Saúde (UBS) – Créditos: Canva Fotos

Segundo o Ministério da Saúde a vacinação é uma das estratégias mais eficazes para preservar a saúde da população, prevenir e erradicar doenças. No final da década de 1980, com a campanha de vacinação contra a Poliomielite, o Brasil se tornou referência mundial em cobertura imunológica. Entretanto, atualmente tem registrado baixos índices de vacinação, com a popularização de informações falsas sobre as vacinas, o que gera um risco de reviver doenças que já estavam erradicadas.

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O Brasil é um dos únicos países do mundo a oferecer uma vasta gama de vacinas de maneira universal, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, desde 2016, tem enfrentado dificuldade para imunizar a população. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou no ano passado que as campanhas de desinformação e movimentos antivacinas são um dos maiores desafios do setor de saúde atualmente.

Esse cenário foi agravado no último governo, já claramente com o fenômeno do negacionismo científico. É importante destacar que esse é um fenômeno que permanece”, disse Nísia, em seminário sobre vacinação na Academia Nacional de Medicina.

De acordo com o ‘Estudo sobre Consciência Vacinal no Brasil’, conduzido pelo Conselho Nacional do Ministério Público, em parceria com a Universidade Santo Amaro (Unisa), um em cada cinco brasileiros sente medo de se vacinar ou desistiu de tomar vacinas após ouvir notícia negativa.

Em todo o Brasil, mais de 11 milhões de pessoas ainda não foram imunizadas contra a Covid-19, apontou pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em meio a um cenário de negacionismo e movimento antivacina, o Governo Federal lançou, em outubro do ano passado, uma plataforma para esclarecer dúvidas e divulgar informações corretas sobre saúde pública, chamado Saúde com Ciência. Entretanto, talvez ainda não tenha sido suficiente, pois as taxas de vacinação ainda são baixas.

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Adesão das vacinas teve baixa drástica

Em 2021, o país registrou a menor taxa de vacinação infantil em três décadas, com o índice de cobertura sendo semelhantes a 1987. A vacina contra a Tuberculose, por exemplo, só cobriu 68% das crianças, enquanto a da paralisia infantil, apenas 69%. A porcentagem mínima de cobertura recomendada para proteger a população é 95%, de acordo com o Ministério da Saúde.

Por isso, os riscos de doenças que já estão erradicadas ressurgirem se torna maior. No ano passado, uma criança foi diagnosticada com Poliomelite na cidade de Loreto, no Peru, situação que alarmou o governo brasileiro. Devido à proximidade do país com os estados do Acre e do Amazonas, houve uma preocupação com a possível transmissão da doença. O último caso registrado no Brasil ocorreu há 34 anos.

Em 2018 o Sarampo, doença que também já foi erradicada, voltou a circular no Brasil. O surto foi grande, causando quase 10 mil infecções de acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em 2019, o país perdeu a certificação de país livre do Sarampo. De acordo com o DataSUS, naquele ano, o índice das vacinas contra o Sarampo – duas doses da Tríplice Viral – estava abaixo dos 80% pelo quarto ano consecutivo, cenário longe do recomendado.

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Nas redes sociais, pessoas compartilham seus relatos sobre a cobertura vacinal. Confira:

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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