Nesta segunda-feira (10), cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) anunciaram que conseguiram localizar cristais de gelo de água no equador de Marte, na região de Tharsis, um planalto formado por vulcões. Ali se pensava ser inviável formar gelo.
A descoberta foi feita pelas sondas ExoMars e Mars Express, que são missões não tripuladas da ESA. O artigo da descoberta foi publicado na revista científica Nature Geoscience.
Adomas Valantinas participou do estudo enquanto estudante de doutorado na Universidade de Berna, na Suíça, e disse que as condições climáticas do equador de Marte não são favoráveis, o que fez eles acreditarem que a formação de gelo era impossível. “Pensávamos que era impossível a formação disso ao redor do equador de Marte, pois a mistura de luz solar e atmosfera fina mantém as temperaturas relativamente altas tanto na superfície quanto no topo das montanhas”, contou em entrevista ao g1.
“Essa existência é empolgante e sugere que há processos excepcionais em ação que permitem a formação de geada”, acrescentou. A geada vista no planeta é muito fina, tendo a espessura de um fio de cabelo humano, mas cobre grande parte de Marte. Ela se forma após o amanhecer e evapora com a luz do sul, se tornando umidade no ar.
Spotted by @ESA_ExoMars & #MarsExpress: a completely unexpected 150 000 tonnes of frost at the top of Mars’s equator volcanoes.
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Outras formações de água em Marte
A circulação de água em Marte é intensa, contrário à crença popular. Entre a superfície e atmosfera há movimentação de cerca de dois milhões e quinhentos mil litros diariamente.
Na região de Tharis, especificamente, há diversos vulcões, como o Monte Olimpo e o Tharsis Montes. Todas estas formações são colossais, se erguendo acima das planícies da região e variam na altura, podendo alcançar três vezes o tamanho do Monte Everest – cerca de 26 mil metros de altura. Nestes vulcões ocorre o congelamento do ar úmido da atmosfera marciana.
“Os ventos sobem pelas encostas das montanhas, trazendo ar relativamente úmido da superfície para altitudes mais elevadas, onde ele se condensa e se deposita como gelo“, explicou Nicolas Thomas, coautor do estudo.
A descoberta aponta que os cientistas ainda não compreenderam completamente o processo de formação e distribuição de água em Marte. Este fator é importante, já que entender a presença da água é crucial para projetar a possibilidade de vida no planeta e influenciar futuras missões tripuladas.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini