Em um dia comum em Covent Garden, Londres, a jovem negra de 15 anos, Naomi Campbell, foi abordada por uma caça-talentos, sem imaginar que aquele momento marcaria o início de sua jornada para se tornar a supermodelo negra mais famosa da história. Com uma carreira que desafia as convenções de um setor majoritariamente branco, Campbell não apenas despontou nas passarelas com seu incomparável estilo, mas também se tornou uma ícone midiática e ativista pela igualdade racial.
No Museu Victoria & Albert de Londres, a exposição “NAOMI: In Fashion”, que celebra os 40 anos de carreira da modelo, reflete não apenas sobre a trajetória profissional dela, mas também sobre seu papel vital como defensora de mudanças substanciais na indústria da moda.
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Naomi Campbell e outras modelos negras que mudaram a indústria
Reconhecida por sua postura firme contra a discriminação, Naomi foi a primeira mulher negra a estampar a capa da edição francesa da revista Vogue, em 1988. Essa conquista foi resultado de sua coragem e resiliência, após enfrentar recusas iniciais aparentemente motivadas por preconceitos raciais. Seu sucesso abriu portas para que outras modelos negras ganhassem reconhecimento mundial.
Porém, para que Naomi pudesse brilhar, Donyale Luna (1945-1979) foi uma das pioneiras no mercado que abriu as portas para mulheres negras. A modelo americana foi a primeira estrela negra a aparecer na capa da revista Harper’s Bazaar, em 1965. Porém, o resultado foi decepcionante. Era uma ilustração, não uma fotografia, que modificava a cor de sua pele para um rosa-claro.
No ano seguinte, a edição britânica da Vogue colocou Luna na capa. Desta vez, sua pele era mais escura, mas sua representação como uma antiga egípcia seguiu a metáfora da mulher negra “exótica”, representando os papéis limitados que eram oferecidos a elas na época.
Como Naomi Campbell impactou as gerações de futuras modelos negras?
Naomi Sims (1948-2009) foi um exemplo de uma nova geração de modelos valentes que não esperaram permissão nem convite para entrar em uma indústria predominantemente branca. Cansada de ser rejeitada pelas agências, ela procurou diretamente os fotógrafos, até chegar às capas das revistas.
Em 1988, duas famosas modelos negras fundaram a Coalizão das Garotas Negras, para reivindicar igualdade de pagamento e representação à indústria da moda. Elas são Iman, que é originalmente da Somália, e a nova-iorquina Bethann Hardison. Naomi Campbell entrou para a Coalizão um ano depois.
A importância da diversidade na moda
Os esforços de Naomi e de suas contemporâneas tiverem um claro reflexo nas estatísticas da indústria. Segundo o relatório de diversidade do site The Fashion Spot, a presença de modelos não brancas na Semana de Moda de Nova York aumentou significativamente ao longo dos anos, simbolizando uma evolução gradual, porém significativa. Essas mudanças são essenciais para que a moda seja verdadeiramente inclusiva e representativa da sociedade como um todo.
O legado dessa supermodelo vai além de suas conquistas nas passarelas e capas de revista. Naomi Campbell, ao redefinir as noções de beleza e lutar por igualdade, ajudou a moldar uma indústria que, finalmente, começa a reconhecer a importância da diversidade. Isso é celebrado em grande estilo na exposição “NAOMI: In Fashion“, onde sua jornada e contribuições são exibidas até abril de 2025.
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