mais de R$25 milhões

Venda ilegal de joias custeou viagem de Bolsonaro, diz PF

Inquérito da Polícia Federal teve o sigilo levantado nesta segunda (8); relatório descreve que ex-presidente pagou estadia nos EUA sem mexer em suas contas bancárias

joias
Moraes levanta sigilo em relatório da PF sobre Bolsonaro e caso das joias – Créditos: Reprodução/X

Em um inquérito enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal concluiu que o dinheiro obtido através da venda ilegal de joias sauditas dadas a Jair Bolsonaro custeou as despesas do ex-presidente em uma viagem aos Estados Unidos.

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De acordo com os cálculos dos agentes, houve uma movimentação de US$4.550.015, equivalente a R$25.298.083. Tudo começou com a venda dos adornos, recebidos como um presente da Arábia Saudita e, portanto, parte do patrimônio do Estado. Entretanto, auxiliares de Bolsonaro venderam as joias, e o valor foi tomado pelo político.

“Identificou-se, ainda, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”, escreveu a PF.

O ministro do STF Alexandre de Moraes levantou o sigilo do relatório completo, que conta com 476 páginas. O documento indiciou o ex-presidente e 11 dos seus aliados, incluindo Mauro Cid, que fechou um acordo de delação premiada com a PF. Os crimes citados pela PF incluem desvio, peculato, venda de itens de luxo, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

A PF aponta que a investigação evidencia “a atuação de uma associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior”.

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Estados Unidos

De 30 de dezembro de 2022 a 30 de março de 2023, antes da cerimônia de passar a faixa para Lula, Bolsonaro viveu nos EUA. Conforme a PF, o político “possivelmente” não usou recursos financeiros da sua conta bancária no Banco do Brasil e no BB América.

“Tal fato indica a possibilidade de que os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, retornaram, em espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano”, descreveu a PF.

Quais joias foram vendidas?

O então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, trouxe consigo ao Brasil dois kits de joias no final de 2021. Os objetos haviam sido um presente do governo saudita.

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Um dos kits foi retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, enquanto o outro, que não foi detectado pelas autoridades, não foi registrado no patrimônio da Presidência da República. Pelo contrário – foi mantido em um cofre no Ministério de Minas e Energia até novembro de 2022, um mês após a derrota de Bolsonaro contra Lula.

Além disso, um terceiro kit havia sido entregue a Bolsonaro em 2019 durante uma viagem à Arábiamais de R$25 milhões Saudita. Estas joias foram guardadas em um galpão do ex-piloto de Fórmula 1, Nelson Piquet, em Brasília. O ex-presidente pegou o conjunto na véspera da posse de Lula, antes de viajar aos EUA. Um dos itens do kit era um Rolex cravejado em diamantes, que foi vendido nos EUA por Mauro Cid e recomprado pelo advogado Frederick Wassef.

Junto de Bolsonaro e Cid, outras dez pessoas do círculo do político foram indiciadas pela PF na última quinta-feira. Wassef foi uma delas, sob a acusação de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

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