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Quais as causas mais comuns de acidentes de avião?

Na última semana, o Brasil registrou o pior acidente aéreo desde 2007 e muitos passageiros estão receosos de voarem desde então

Na última semana, o Brasil registrou o pior dos acidentes aéreos desde 2007 e muitos passageiros estão receosos de voarem desde então.
Tragédias estão relacionadas à falhas no sistema, mudanças climáticas e falhas humanas – Créditos: Canva

Desde o acidente aéreo que aconteceu em Vinhedo, muitos passageiros estão apreensivos ao viajarem. Por mais que estejam na era mais segura da aviação, a tragédia no interior de São Paulo amedrontou diversas pessoas.

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Este é o pior acidente aéreo no Brasil desde 2007, deixando 62 mortos. As investigações ainda estão em fase inicial e, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), “tudo ainda é prematuro”.

Analistas apontam que essa é uma ocorrência rara, especialmente porque a maioria das aeronaves possui sistemas eficazes para evitar que o acúmulo de água congelada afete a capacidade de sustentação. A aeronáutica informou que as caixas-pretas da aeronave – que guardam os registros do voo – já estão em Brasília para averiguação. Mas, num cenário mais amplo da aviação global, o que ainda tem causado acidentes no mundo?

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Causas mais comuns de acidentes aéreos

A Boeing, uma das maiores fabricantes de aeronaves, publica regularmente um relatório global a respeito dos acidentes envolvendo aviões a jato comerciais. Apesar dos avanços, entre 2013 e 2022, o maior número de mortes em acidentes aconteceu por “perda de controle em voo” (757), “falha ou mau funcionamento do sistema, não relacionado ao motor” (158), “saídas da pista na decolagem ou pouso” (134) e “problemas relacionados ao combustível” (71).

Esses dados mostram que, embora a tecnologia tenha avançado, ainda há fatores que podem comprometer a segurança. Segundo o investigador de acidentes aeronáuticos Maurício Pontes, é necessário entender que esses eventos são multifatoriais e há múltiplas possibilidades que podem levar a um acidente. “No caso da perda de controle, por exemplo, pode acontecer por uma infinidade de razões, seja humana ou não”, afirmou em entrevista à BBC.

De acordo com o banco de dados online Plane Crash Info, a falha humana é responsável por 49% dos registros entre 1950 e 2019. Outros 23% são atribuídos a falhas mecânicas e 10% a fatores climáticos. Simon Ashley Bennett, diretor da Unidade de Segurança e Proteção Civil da Universidade de Leicester, aponta que, à medida que as aeronaves se tornaram mais confiáveis, a proporção de acidentes causados por erro do piloto aumentou.

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“As aeronaves são máquinas complexas que requerem muita gestão. Como os pilotos interagem ativamente com a aeronave em cada fase de um voo, há inúmeras oportunidades para algo dar errado”, escreveu Bennett em seu artigo para o The Conversation.

Ele também ressaltou que, embora falhas humanas existam, é importante evitar apenas culpar o piloto. “É fácil e conveniente para a companhia aérea, autoridades e fabricantes culparem os pilotos”, disse.

Entre os principais fatores humanos estão a fadiga, problemas de saúde e até o desvio de atenção dos profissionais envolvidos na operação de voo. Segundo Celso Faria de Souza, especialista em segurança de voo, erros humanos muitas vezes são induzidos por condições além do controle dos pilotos, como más condições de trabalho ou instrumentos mal posicionados na cabine. “A fadiga dos profissionais, por exemplo, só começou a ser estudada há pouco tempo. Até 3 anos atrás, ninguém dava atenção para a saúde mental”, contou.

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Embora o mau tempo represente cerca de 10% das causas de acidentes, ele ainda é uma preocupação significativa. Tempestades, neve e neblina podem criar condições desafiadoras para as aeronaves. Um exemplo é o voo AF447 da Air France, que caiu em 2009 após sensores de velocidade congelarem durante uma tempestade.

Maurício Pontes acredita que, além das condições atuais, as mudanças climáticas representam uma nova variável, pois podem tornar o clima mais imprevisível e severo. “Temos muita segurança, os pilotos hoje contam com equipamentos cada vez mais sofisticados de antecipação de situações climáticas adversas, que permite desvios, que se alterne a outro aeroporto. Mas essa é uma preocupação, porque se torna mais imprevisível.”

Uma pesquisa da Universidade de Reading, na Inglaterra, descobriu que a turbulência de ar claro aumentou 55% entre 1979 e 2020 devido às alterações climáticas. “Após uma década de pesquisa mostrando que a mudança climática aumentará a turbulência de ar claro no futuro, agora temos evidências sugerindo que o aumento já começou”, afirmou o professor e cientista atmosférico Paul Williams, coautor do estudo.

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