percurso deve durar cinco anos

Nasa lança missão para investigar potencial de vida na lua Europa, de Júpiter

A espaçonave, batizada de Europa Clipper, será movida a energia solar e lançada a bordo de um foguete Falcon Heavy da SpaceX, partindo do Centro Espacial Kennedy, na Flórida

A Nasa vai lançar uma missão para Europa, lua de Júpiter, vista como um dos locais mais promissores para abrigar vida no sistema solar.
A missão da Nasa Europa Clipper tem como objetivo sobrevoar a gelada lua de Júpiter para descobrir se ela possui os ingrdientes necessários para habitar vida – Crédito: NASA/JPL-Caltech/SETI Institute

A Nasa está prestes a lançar uma missão espacial com destino a Europa, uma das luas de Júpiter, considerada um dos lugares mais promissores para a existência de vida no sistema solar. O objetivo é determinar se essa lua gelada, que provavelmente abriga um vasto oceano subterrâneo, pode ser habitável.

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A espaçonave, batizada de Europa Clipper, será movida a energia solar e lançada a bordo de um foguete Falcon Heavy da SpaceX, partindo do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Com nove instrumentos científicos a bordo, ela viajará 2,9 bilhões de quilômetros em um percurso que deve durar cerca de cinco anos e meio. A previsão é que a nave entre em órbita de Júpiter em 2030.

O lançamento, inicialmente previsto para ocorrer antes, foi adiado devido ao furacão Milton. Agora, a Nasa agendou a decolagem para esta segunda-feira (14), às 16h06 no horário de Greenwich (12h06 em Brasília).

Nasa lança missão para investigar vida em Europa, lua de Júpiter

Cientistas da Nasa estão particularmente interessados no oceano de água salgada que, segundo observações anteriores, estaria localizado sob a crosta congelada de Europa. “Há evidências muito fortes de que os ingredientes para a vida existem em Europa, mas precisamos ir lá para descobrir”, afirmou Bonnie Buratti, cientista planetária do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e vice-cientista da missão à CNN.

Embora a missão não tenha como objetivo detectar vida diretamente, a Clipper buscará sinais de condições que possam sustentar a vida. “Só para enfatizar: não somos uma missão de detecção de vida. Estamos apenas analisando se atende as condições para a vida”, destacou Buratti.

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Com 30,5 metros de comprimento e pesando cerca de 6 mil quilos, a Europa Clipper é a maior nave já construída pela Nasa para uma missão planetária. Seu tamanho impressionante, maior que uma quadra de basquete, se deve aos enormes painéis solares necessários para alimentar os instrumentos científicos e subsistemas.

Após seu lançamento, a nave realizará manobras ao redor de Marte e da Terra, aproveitando a gravidade desses planetas para acelerar sua velocidade em direção a Júpiter. Durante os três anos que passará orbitando Europa, a Clipper realizará 49 sobrevoos próximos da lua.

Europa, com um diâmetro de 3.100 quilômetros, é ligeiramente menor que a Lua da Terra. A crosta de gelo da lua de Júpiter é estimada entre 15 e 25 quilômetros de espessura, flutuando sobre um oceano com até 150 quilômetros de profundidade.

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Um mundo oceânico em Europa

Europa é classificada como um “mundo oceânico”, com potencial para abrigar o dobro de água que todos os oceanos da Terra juntos. Gina DiBraccio, diretora interina da divisão de ciência planetária da Nasa, explicou à CNN a importância dessa lua: “Como um mundo oceânico, Europa é muito intrigante. E essa missão vai nos ajudar a entender uma parte complexa do nosso sistema solar”.

DiBraccio também ressaltou que os mundos oceânicos podem ser comuns em sistemas planetários além do nosso. “A Clipper será a primeira missão aprofundada que nos permitirá caracterizar a habitabilidade do que pode ser o tipo mais comum de mundo habitado em nosso universo”, acrescentou.

Apesar da superfície inóspita de Europa, cientistas acreditam que ela pode abrigar vida nas profundezas de seu oceano. Buratti mencionou os três fatores essenciais para a vida: água líquida, compostos orgânicos (que podem servir como alimento para organismos) e uma fonte de energia. A lua recebe apenas 4% da radiação solar que chega à Terra, mas o aquecimento gerado pela atração gravitacional de Júpiter pode fornecer a energia necessária.

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Debaixo do oceano de Europa, onde a água encontra o manto rochoso, podem existir aberturas térmicas que liberam energia química. Buratti comparou essas formações às aberturas hidrotermais encontradas nos oceanos profundos da Terra, onde formas de vida primitivas prosperam.

O instrumento MASPEX, a bordo da Clipper, buscará moléculas orgânicas complexas que possam fornecer pistas sobre a composição química de Europa e a possibilidade de sustentar vida. “O MASPEX procurará ‘moléculas orgânicas sofisticadas que poderiam fornecer o alimento, se houver algum organismo primitivo’”, explicou Buratti.

Júpiter, o maior planeta do sistema solar, possui 95 luas, sendo Europa a quarta maior. Ela orbita a uma distância de 671 mil quilômetros de Júpiter. Buratti disse que missões exploratórias como essa sempre descobrem algo “que não poderíamos ter imaginado”.

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“Haverá algo lá — o desconhecido — que será tão maravilhoso que não podemos conceber neste momento”, disse Buratti. “Isso é o que mais me entusiasma.”

 

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