Em 2018, a capital de Alagoas, Maceió, tornou-se palco de um fenômeno preocupante. Um tremor causado pelo deslocamento do solo devido à exploração de minas desencadeou uma série de problemas estruturais no tradicional bairro do Pinheiro. O evento não se limitou a rachaduras em imóveis; o solo afundou, ruas foram comprometidas e crateras começaram a emergir. Com o tempo, a situação agravou-se, afetando bairros adjacentes e resultando no desalojamento de aproximadamente 55 mil pessoas.
O epicentro do problema remonta às atividades de extração de sal-gema da empresa Braskem, operando na região desde 1976, próxima à Lagoa Mundaú. Ao longo dos anos, esse projeto extrativo gerou preocupações sobre a integridade ambiental e geológica da área. Em 2019, a Braskem anunciou o encerramento das operações de mineração no local, enquanto ressalvas sobre um potencial desastre ambiental já ecoavam entre especialistas por praticamente uma década.
Quais foram as consequências do tremor para a população de Maceió?
O tremor de 2018 marcou o início de um período crítico para os residentes de Maceió, especialmente aqueles próximos à zona de exploração da Braskem. As consequências foram devastadoras: deslocamento de famílias, perdas patrimoniais significativas e um ambiente de constante apreensão. A infraestrutura da cidade foi severamente comprometida, com várias vias se tornando intransitáveis e imóveis sendo declarados inseguros. Toda essa situação gerou um impacto emocional significativo, além das perdas materiais.
A resposta das autoridades locais e federais foi declarar estado de emergência devido ao risco iminente de colapso das minas restantes da Braskem. Novas investigações foram lançadas para compreender o verdadeiro escopo dos danos e potencial responsabilidade da empresa. Em paralelo, moradores passaram a deslocar-se para áreas mais seguras, muitas vezes enfrentando dificuldades para encontrar alternativas adequadas de habitação e sustento.
Como as investigações sobre a Braskem se desenrolaram?
A Polícia Federal esteve à frente das investigações relacionadas à exploração de sal-gema em Maceió. Durante as diligências, surgiram indícios de que a Braskem teria violado normas de segurança essenciais para a operação minerária, potencialmente contribuindo para a instabilidade das minas. Documentos analisados sugerem que a empresa fez relatórios com dados incorretos e omitiu informações cruciais dos órgãos reguladores, facilitando a continuidade das operações minerárias mesmo diante de evidentes problemas de estabilidade no solo.
Diante das descobertas, cresceu a pressão pública e política por responsabilizações. O senador Rogério Carvalho, em 2019, propôs o indiciamento de empresas e indivíduos, inclusive de um alto executivo da Braskem, por crimes ambientais. As ações visavam esclarecer eventuais responsabilidades criminais e promover justiça para as comunidades afetadas por este desastre.
O que reserva o futuro para Maceió após a crise das minas?
A cidade de Maceió enfrenta um longo caminho de recuperação após os tremores e deslizamentos causados pela exploração de sal-gema. A prioridade é garantir a segurança das áreas afetadas e reassentar de maneira digna as milhares de pessoas deslocadas. O governo local e as organizações de defesa civil trabalham para mapear as áreas mais críticas e implementar medidas de contenção que possam prevenir novos desastres.
Além disso, há um movimento crescente por maior transparência e responsabilidade nas práticas minerárias em todo o Brasil. A crise em Maceió serve como um alerta para políticas regulatórias mais robustas e eficácia na supervisão das atividades extrativas. Criar estratégias que conciliem desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental é fundamental para evitar repetição de um episódio semelhante no futuro.
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