'DA PORTEIRA PARA FORA'

“O agro quer falar para todo o Brasil”, diz a jornalista Jaque Silva

Para ela, o produtor rural não é o vilão: “Ele é o profissional que pode ajudar a construir o futuro”

''O agro quer falar para todo o Brasil'', diz Jaque Silva
A jornalista Jaque Silva afirma que o agro precisa se comunicar melhor da porteira para fora – (Crédito Foto: Arquivo Pessoal)

O jornalismo está no sangue Jaqueline Silva, ou Jaque Silva. Uma profissional multifacetada que durante muito tempo trabalhou nos dois maiores centros urbanos do Brasil. “Tive muita sorte”, diz a carioca residente em São Paulo há mais de seis anos ao se declarar apaixonada pelo ritmo frenético da Pauliceia Desvairada.

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Aos 42 anos, depois de passar por emissoras de TV aberta, rádio e jornais, onde exerceu funções de apresentadora, entrevistadora, produtora e repórter de rua, Jaque aceitou o desafio de se mudar para o maior centro financeiro do país e atuar num campo jornalístico muito especial, que mescla o campo com a cidade.

“A minha vinda para o Canal Rural foi para trazer um pouco mais de urbanidade. Estou trazendo formatos diferentes para a emissora para a gente conseguir atrair o olhar deste público final”, referindo-se à grande parte dos brasileiros que conhece pouco sobre agro do país. Ela é a atual diretora de conteúdo e programação.

Certa das dificuldades do setor, a jornalista afirma que “a nossa dor, hoje, é conseguir nos comunicar. O agro não se comunica bem. A gente precisa melhorar essa questão”. Para ela, a necessidade de o setor ter um melhor diálogo com a sociedade brasileira é urgente. Como ela mesma afirma, é preciso falar com o lado de “fora da porteira”. O campo se comunica muito bem com o setor interno, “mas com o público final a comunicação não é tão boa”.

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Jaque explica que o Canal Rural está há 25 anos no ar e faz um jornalismo diário de maneira competente voltado ao setor que ela considera importante.

Porém, esse conteúdo do dia a dia não chega ao público em geral porque é muito técnico. “Nós precisamos muito de comunicadores que não sejam de ‘dentro da porteira’ para poder diminuir essa linguagem técnica”. Para ela, o tecnicismo exacerbado do agro não ajuda a melhorar a interação com as pessoas das grandes cidades.

A questão de falar da porteira para fora é cada vez mais necessária, ela enfatiza. “Nós precisamos muito de comunicadores que não são de ‘dentro da porteira’ para poder diminuir esta linguagem técnica”.

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A jornalista relata que furar esta bolha é essencial, “ainda mais agora que todo mundo está preocupado não apenas com o aquecimento global, mas também com o que está chegando à sua mesa”.

Mostrar o que está sendo feito em termos de sustentabilidade dentro do setor é outro fator que poderia contribuir para melhorar a comunicação e a percepção das pessoas sobre essas práticas. “A gente mostra pouco este lado”, relata a jornalista.

Muitas vezes, os poucos e maus exemplos, são os que mais aparecem na mídia. “Tomamos o total dos produtores do agro por apenas um produtor que não se preocupa com a sustentabilidade. Ou seja, como se todos eles estivessem fazendo errado”. Jaque frisa que bons e maus profissionais existem em qualquer atividade profissional.

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Quando a gente começa a explicar para o produtor rural como fazer de forma sustentável, não tem porque ele não realizar essas práticas”. Ela exemplifica a questão dos incêndios que ocorrem nas propriedades rurais: “A maior falácia que se ouve é dizer que o produtor coloca fogo naquilo que é a casa dele”. Muitos deles, acrescenta, têm brigadas de incêndio.

O Brasil, hoje, faz o que se chama plantio direto em larga escala, ela diz. É um método mais conservacionista de trabalhar a terra para fins agropecuários. “Temos que mostrar esta prática lá fora também”. Segundo Jaque, muitas vezes autoridades de outros países, quando vêm para cá, ficam admiradas porque não tinham ideia de que o agro no Brasil têm práticas sustentáveis.

O produtor rural não é o vilão: é ele quem pode ajudar a construir o futuro “Cada vez mais, temos no país boas práticas rurais sustentáveis de produção. O Brasil hoje é uma potência agroambiental”.

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