O Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária cresceu 21,6% no primeiro trimestre deste ano, a maior alta desde 1996. Este salto expressivo possibilitou que o PIB total – que engloba ainda os setores da Indústria e Serviços – crescesse 1,9% no mesmo período.
O crescimento do PIB da Agropecuária é a maior elevação para o setor desde o quarto trimestre de 1996. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contabilizou um valor de R$ 2,6 trilhões para o PIB para os três primeiros meses de 2023.
E quais razões deste salto expressivo apresentado pela Agropecuária? O economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, elenca alguns exemplos. “O bom desempenho do setor vem ocorrendo desde o boom das commodities (elevação de preços desses bens) durante a pandemia”.
Imaizumi acrescenta ainda que “em 2023 o desempenho está alinhado à safra recorde prevista para o ano de 300 milhões de toneladas, 15% a mais que o ano anterior”. Ele ressalta as estimativas da produção de soja e do milho como os “principais destaques para este ano. Ambas estabelecendo novos recordes. No caso da soja, a produção deve chegar a 149,1 milhões de toneladas, um aumento de 24,7% em comparação à quantidade obtida em 2022”.
Segundo o economista, o milho tem uma projeção de safra estimada em 119,9 milhões de toneladas, valor 8,8% maior ao registrado no ano de 2022.
O engenheiro agrônomo e especialista em agronegócio, Maurício Sampaio, frisa que os dados do IBGE sobre o expressivo crescimento do setor da Agropecuária foi o único responsável pelo aumento do PIB no primeiro trimestre (veja vídeo abaixo).
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Sampaio compartilha da opinião que soja e milho foram os grandes impulsionadores do aumento da Agropecuária. “No caso da soja, nós tivemos grandes perdas na safra anterior em função da seca na região Sul e Sudeste do país”.
Ele afirma que a oleaginosa, este ano, “volta a capitanear a economia do agronegócio”. O engenheiro agrônomo relaciona que o crescimento do setor impacta o dia a dia dos brasileiros. “Mais produção significa preços inferiores no ano de 2023 comparados ao ano de 2022”. Ele exemplica que o IPCA caiu para 0,23% em maio e que este fator aliado ao crescimento da safra farão com que “o consumo de alimentos deverá ter um peso menor, com a redução de preços”.
Os maiores gastos das famílias de classe baixa e média são com alimentação. A safra recorde, segundo Imaizumi, pode causar uma diminuição de gastos. “Um bom desempenho da safra pode refletir em menores custos no bolso do brasileiro, que foi bastante pressionado pelos alimentos em 2021 e meados de 2022”, explica.
Segundo dados do IBGE, a Agropecuária respondeu, em 2020, por 5,7% do PIB total do Brasil; cerca R$ 434 bilhões de um montante de R$ 7,61 trilhões.