NA AMAZÔNIA

Botos: para evitar mortes, trechos quentes do Lago Tefé serão isolados

Desde o fim de setembro morreram 153 cetáceos na região

Botos: para evitar mortes, trechos quentes do Lago Tefé serão isolados
(Crédito Foto: Bruno Kelly/Reuters/Via Agência Brasil)

Para evitar mais mortes de botos em trechos de águas mais quentes do Lago Tefé, no Médio Solimões, no interior do Amazonas, a equipe envolvida na operação Emergência Botos Tefé está adotando uma nova estratégia de prevenção.

Publicidade

Os pesquisadores estão montando uma espécie de cordão para isolar esses trechos e conduzir os botos para áreas mais profundas do lago, onde a temperatura é mais baixa.

No balanço mais recente divulgado ontem (16), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que coordena as ações, registrou a morte de 153 botos desde o dia 28 de setembro. Do total, 130 botos são vermelhos e 23 são tucuxis.

“A seca e a temperatura da água, que chegou a 39,1°C no pico de mortalidade no dia 28 de setembro, quando 70 indivíduos morreram, estão diretamente relacionados ao ocorrido, apesar de outras causas de morte ainda não estarem descartadas, como alguma contaminação da água ou doença nos animais. Além das altas temperaturas medidas no lago durante as tardes, há também uma grande variação da temperatura da água durante o dia, variando entre 29° e 38°C”, diz o boletim do ICMBio.

Segundo o instituto, no Lago Tefé há um trecho chamado Enseada do Papucu, considerado o local mais crítico para a morte dos animais, devido à temperatura da água, que chegou a 39,1°C, muito acima da temperatura normal do lago, de 30°C. Os botos e tucuxis acabam sendo atraídos para o local devido à grande quantidade de peixes, que compõem a alimentação básica dessas espécies.

Publicidade

“A estratégia consiste no isolamento da Enseada do Papucu e condução dos animais para fora deste trecho crítico. O isolamento será feito com a implementação de uma barreira física chamada ‘pari’, que é feita de estacas de madeira e é baseada no conhecimento tradicional ribeirinho. Posteriormente, será realizada a condução dos animais para áreas mais profundas e menos quentes do Lago Tefé”, esclareceu o ICMBio.

A condução para águas mais profundas também tem por objetivo evitar uma intervenção direta com os animais, que pode causar mais estresse. Em uma situação mais específica, o setor da operação responsável pelo monitoramento dos animais vivos poderia efetuar o resgate de um ou mais indivíduos.

“No caso de algum indivíduo apresentar sinais de anormalidade, temos condições de resgatá-lo e encaminhá-lo ao Flutuante de Reabilitação, para monitoramento e possível tratamento e intervenção. Até o momento nenhum animal foi resgatado”, disse o ICMBio.

Publicidade

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.