saúde da natureza

Desmatamento na Mata Atlântica recua 59% nos primeiros oito meses de 2023

“Isso se deve basicamente a um retorno da fiscalização, a volta do funcionamento da política e da estrutura ambiental brasileira”, diz Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo do SOS Mata Atlântica

Um boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), resultado de uma parceira entre SOS Mata Atlântica, Arcplan e MapBiomas, aponta que, entre janeiro e agosto de 2023, o desmatamento da Mata Atlântica caiu 59%, quando comparado com o mesmo período do ano passado.
(Créditos: MPRS/Divulgação)

Um boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), resultado de uma parceira entre SOS Mata Atlântica, Arcplan e MapBiomas, aponta que, entre janeiro e agosto de 2023, o desmatamento da Mata Atlântica caiu 59%, quando comparado com o mesmo período do ano passado. A área afetada foi de 9.216 hectares, enquanto que em 2022, 22.240 hectares foram desmatados.

Publicidade

“Isso se deve basicamente a um retorno da fiscalização, a volta do funcionamento da política e da estrutura ambiental brasileira. Houve muitas ações de fiscalização, de aplicação de multas. E uma coisa que tem tido muito efeito é a suspensão do crédito de produtores rurais, que tem desmatamentos ilegais”, diz Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo do SOS Mata Atlântica.

Um dos seis biomas do Brasil, a Mata Atlântica abrange praticamente todo o litoral brasileiro que, segundo o IBGE, comporta mais da metade da população brasileira. Vale ressaltar que os dados do levantamento levam em conta as delimitações estabelecidas pelo próprio IBGE, que não conta instâncias do bioma isoladas em outras regiões, conhecidas como encraves.

As entidades que realizaram o estudo alertam que, se levados em conta os encraves, a diferença cai consideravelmente: 26%. Estados como o Piauí, Ceará e Goiás, “dominados” por outros biomas, segundo a Lei da Mata Atlântica, possuem regiões com flora e fauna características da Mata Atlântica.

Publicidade

Ao focar nos encraves, a realidade é outra. O desmatamento de áreas da Mata Atlântica no Cerrado aumentou em 13% e, na Caatinga, 123%. “Isso está alinhado com o aumento do desmatamento no Cerrado. A Lei 11.428/2006, conhecida como Lei da Mata Atlântica, é a única legislação brasileira a tratar exclusivamente de um bioma, regulamentando sua preservação. A situação na fronteira do bioma com a Caatinga e o Cerrado é preocupante. E isso interfere nos encraves, mesmo que também sejam protegidos pela lei. Precisamos mudar esse cenário com urgência”, explicou Guedes Pinto.

Números

Confira a variação, em porcentagem, de cada estado incluído no estudo:

  • Goiás: 100%. De 2 para 0 hectares desmatados.
  • Mato Grosso do Sul: 96%. De 23 para 1 hectare.
  • Paraíba: 66%. De 9 para 3 hectares.
  • Santa Catarina: 66%. De 1.816 para 600 hectares.
  • Paraná: 64%. De 2.763 para 992 hectares.
  • Espírito Santo: 62%. De 292 para 112 hectares.
  • Minas Gerais: 62%. De 9.570 para 3.599 hectares.
  • Alagoas: 57%. De 42 para 18 hectares.
  • Rio de Janeiro: 57%. De 125 para 54 hectares.
  • Bahia: 53%. De 671 para 313 hectares.
  • Pernambuco: 52%. De 69 para 33 hectares.
  • Rio Grande do Norte: 50%. De 4 para 2 hectares.
  • São Paulo: 33%. De 192 para 128 hectares.
  • Sergipe: 32%. De 117 para 80 hectares.
  • Rio Grande do Sul: 22%. de 736 para 575 hectares.

Publicidade

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.