O baiano Edmilson Carneiro planta e colhe uma variedade de alimentos saudáveis. Milho, quiabo, abóbora, maracujá, banana e batata são alguns exemplos. Todos são produtos orgânicos, sem agrotóxicos, produzidos no Assentamento Cícero Guedes, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Edmilson é um dos expositores que estão na 15° Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro.
A feira funcionará até amanhã quarta-feira (20). Participam do evento assentados, acampados ligados ao MST do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, a rede Armazém do Campo da Reforma Agrária e cooperativas e agroindústrias com atuação nacional. A expectativa é comercializar cerca de 45 toneladas de alimentos, além de artesanatos, livros e outros produtos ligados ao movimento.
Para o Edmilson, é uma oportunidade de incrementar a renda e divulgar uma causa social pela qual luta. “A experiência está sendo muito boa aqui. Pessoal comprou bastante, já vendemos muito do nosso produto. Pessoal chega e fica grato por ter um produto de boa qualidade”, disse Edmilson. “E ajuda o movimento social. Porque a agricultura familiar planta e colhe muito. Existem pessoas que têm preconceito com o MST. E, na verdade, os alimentos saudáveis somos nós que produzimos”.
A dirigente nacional do MST, Eró Silva, destaca que a feira vem há anos se consolidando como um espaço para a troca de ideias e divulgação das ações do movimento pelo país. Em janeiro do ano que vem, o MST completa 40 anos de existência, e eventos como o do Largo da Carioca ajudam a aproximar a população das bandeiras defendidas pelos trabalhadores do campo. “Importante estar nesse espaço aqui, porque podemos dialogar sobre reforma agrária popular e a produção de alimentos saudáveis, que deveriam ser mais acessíveis para a população. No Largo da Carioca, circula uma diversidade de trabalhadores e aqui eles podem conversar com todos os assentados e acampados que estão na feira”, disse Eró.
Segundo a dirigente, a população carioca tem acolhido a feira ao longo dos anos e muitos têm mudado a maneira de olhar o movimento, deixando o preconceito de lado. “Nós não tivemos, por exemplo, nenhum tipo de manifestação contrária em nenhuma das feiras. Entendemos que esse é um espaço onde os assentados conseguem dialogar com muita gente. Tem até quem passou por aqui e perguntou se nós somos aqueles sem-terra que invadem os lugares. E nós explicamos que ocupamos a terra improdutiva e que estamos aqui justamente porque tivemos acesso a ela. Por isso que tem essa diversidade de alimentos, e sem agrotóxicos, o que também é algo importante para as pessoas entenderem”.
Serviço
15° Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes
Até 20 de dezembro
Local: Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro
Horários: 8h às 18h