Na última terça-feira (12), a Secretaria de Segurança Pública confirmou que o número de pessoas mortas pela Polícia Militar (PM) na Baixada Santista subiu para 43. Os confrontos com a população começaram no dia 2 de fevereiro, depois que o policial militar Samuel Wesley Cosmo faleceu em patrulhamento.
Uma das vítimas é Leonel Andrade Santos, morto numa operação realizada no sábado (9). De acordo com o UOL, o homem foi fotografado uma hora antes da intervenção sentado na calçada ao lado de muletas. A foto é das 20h03, e a PM o atingiu às 21h, segundo o boletim de ocorrência da ação. A PM afirma que o homem atirou contra os policiais.
“A foto é mais um indício de que o meu marido estava desarmado, só com as muletas e o celular. O Leonel não tinha nem condições para segurar um revólver. Ele mal conseguia segurar as muletas dele. Não houve troca de tiros”, afirmou Beatriz da Silva Rosa, esposa de Leonel.
Beatriz não é a única civil que contesta a versão da PM. Por exemplo, uma moradora do bairro havia feito o registro com Leonel para indicar o local de entrega para um motoboy que vinha com uma encomenda, disse: “Eu estava na rua esperando um motoboy, e o Leonel acabou aparecendo. Minutos depois, aconteceram os tiros. A foto é mais uma prova de que não houve confronto. Moramos em um bairro humilde, mas tranquilo. Não há traficantes armados andando pela rua”.
O que diz a PM
A Polícia Civil investiga o caso. O ouvidor das polícias de SP, Cláudio Silva, confirmou que a apuração já está em andamento. “Temos também imagens da vítima com muletas. A Ouvidoria instaurou procedimento nesse caso. Estamos sistematizando as informações colhidas com testemunhas e vizinhos. Todo o material será encaminhado à Corregedoria da PM e ao Ministério Público para contribuir com as apurações”.
Além de Leonel, Jefferson Ramos Miranda foi igualmente baleado pela PM e faleceu. No depoimento da Secretaria de Segurança Pública, os homens apontaram armas para os agentes, que posteriormente atuaram em legítima defesa. Conforme o UOL, a SSP relatou que os policiais foram ao Morro do São Bento por conta de uma denúncia de tráfico de drogas. “A PM é legalista e atua no cumprimento do seu dever constitucional”. O órgão ainda assegurou que as corregedorias da polícia militar e civil estão à disposição para realizar denúncias contra os agentes.
As notícias sobre as 40 mortes causadas pela PM na Baixada Santista saem num caderno. As notícias sobre os investimentos recordes de R$ 12,6 bilhões no Porto de Santos saem em outro. Entretanto, o crime depende do Porto, a PM depende do crime e os políticos dependem da PM.
— João Paulo Charleaux (@jpcharleaux) March 12, 2024