ESTELIONATO SENTIMENTAL

Golpista do Amor: veja aqui qual era a estratégia para enganar mulheres

Prejuízos financeiros às vítimas do Rio e de São Paulo chegam a R$ 1,8 milhão

Através dos aplicativos de relacionamento, ele dizia às mulheres que era ator de novela, compositor, rico e com boas conexões.
Golpista é preso, acusado de estelionato contra pelo menos 11 mulheres – Créditos: Reprodução

Um golpista, que utilizava aplicativos de namoro para atrair suas vítimas, foi preso. Caio Henrique Camossato foi detido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, acusado de aplicar golpes financeiros em pelo menos 11 mulheres. A prisão aconteceu após o criminoso ir encontrar Tayara Banharo, uma de suas vítimas.

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Ele pedia dinheiro emprestado para as mulheres, dizendo que devolveria a quantia. Somados, os empréstimos chegam a R$ 1,8 milhão. Ele é investigado em São Paulo e no Rio de Janeiro, foi preso no dia 22 de março e, se condenado, pode encarar uma pena de até cinco anos de prisão.

Através dos aplicativos de relacionamento, ele dizia às vítimas que era ator de novela, compositor de músicas famosas, dono de imóveis, rico e com boas conexões, mas que passava por problemas financeiros. Para uma das vítimas, ele enviou um áudio em que dizia estar passando por processo para conseguir a herança de seu avô.

Meu vô faleceu em junho do ano passado. Eu era o único herdeiro. Maior dor de cabeça. Não quero saber disso, não. Peguei o carro e já botei na blindagem. Agora, só 45 dias que eu pego. Tenho zilhões de dificuldades para resolver na fazenda lá de Minas. Na fazenda de Goiânia, lá de Morrinhos, em Goiás”, afirmou o golpista.

Participação das mulheres na prisão

Segundo os investigadores, ele utilizava histórias como essa para sensibilizar as mulheres, para que conseguisse o dinheiro. Uma de suas vítimas foi Tayara, que teve seu primeiro encontro com Caio no hospital onde estava internada. “Fiquei uma semana internada direto no semi-intensivo. E eu falando com ele, ele simplesmente aparece no hospital para me visitar. Fiquei até meio assim… A pessoa que você conhece no aplicativo de relacionamento vai te encontrar no hospital, né? Ele me beijou no hospital“, contou a mulher em entrevista ao Fantástico. 

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Ela acabou emprestando R$ 1 mil, até que descobriu, através de investigações na internet, que ele era uma farsa. Sob ameaça de o expor, a mulher conseguiu a quantia de volta. Um mês depois, ela viu uma reportagem do Fantástico que foi ao ar no ano passado, mostrando que Caio era investigado por pelo menos cinco casos como o dela e já tinha sido condenado por estelionato em 2019. Na época, ele deveria cumprir a prestação de serviços comunitários, porém, nunca pagou.

Ao ficar a par da situação, Tayara decidiu que se juntaria com outras vítimas para desmascarar e condenar Caio. As mulheres entraram em contato e criaram um grupo no Whatsapp, para acompanhar o criminoso e denunciá-lo. Caio, naquele momento, estava utilizando o cartão de crédito de uma delas, e por isso era possível saber em que cidade ele estava no momento.

Tayara criou um perfil falso em um aplicativo de namoro para atrair o golpista, e todas as mulheres acompanhavam a troca de mensagens. “A gente foi conversando com ele no WhatsApp até conseguir o mandado de prisão. Quando saiu o mandado, eu marquei um encontro com ele“, contou.

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O delegado titular da 34° DP do Rio, Fabio Souza, disse que, até o momento da prisão, o criminoso estava conversando com outras possíveis vítimas. “A investigação, ela mostrou que ele era um criminoso contumaz. E o pior de tudo, ele continuava conversando com outras pretensas vítimas. Ou seja, a prisão dele era essencial para evitar que outras vítimas caíssem no seu golpe”, afirmou.

Além disso, Souza alertou que a denúncia por parte das mulheres é essencial. “É importante que as vítimas compareçam às delegacias e comuniquem o fato. E aí você pede a prisão por cada vítima. Vai ser muito mais difícil ele ser solto. A gente tem que botar na nossa consciência que no momento em que ele for solto, ele vai fazer isso de novo, porque é disso que ele vive“, explicou.

A defesa de Caio Henrique afirmou, em nota ao Fantástico, que as acusações são sem fundamento e que o que aconteceu não são crimes, e sim ilícitos civis (quando uma parte descumpre o que tinha sido acordado). Ainda, a defesa considera a prisão ilegal.

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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