
A jornalista Eliane Cantanhêde, do canal pago Globonews, foi acusada de machismo ao criticar uma participação mais ativa da futura primeira-dama Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja, na organização do futuro governo.
Para a colunista do jornal Estado de S. Paulo, a esposa do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria participar de reuniões com aliados do governo. Na quinta-feira (10), Janja apareceu ao lado de Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, em um encontro no Centro Cultural Banco do Brasil, que abriga a equipe de transição de Lula, em Brasília.
“Ela estava ali sentada, mas ela não é presidente do PT, ela não é líder política, ela não é presidente de partido, enfim, por que ela estava ali? Qual era o papel da primeira-dama?”, questionou a jornalista sobre o papel de Janja.
A jornalista ainda citou Ruth Cardoso (1930-2008), mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como um bom exemplo de primeira-dama:
“Como a Janja, [Ruth] tinha o brilho próprio. Era professora universitária. Uma mulher super respeitada na área dela e cuidou da comunidade solidária, mas ela não tinha protagonismo, ela não tinha voz nas decisões políticas. Se tinha, era a 4 chaves dentro do quarto do casal.”
A fala de Eliane Catanhêde sobre Janja é um exemplo claro de como o machismo opera entre as mulheres. É preciso aliados entre os oprimidos para que ele exista. Qual seria esse papel de primeira-dama, me pergunto. Não ter voz? Nós, mulheres vamos ocupar e atuar politicamente sim!
— Célia Xakriabá (@celiaxakriaba) November 12, 2022