Segurança Pública

Ministro defende trabalho conjunto para combater criminalidade no Rio

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, esteve presente na posse do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, delegado Ivo Roberto Costa da Silva.

Ministro defende trabalho conjunto para combater criminalidade no Rio
Recentemente, na Vila Cruzeiro (RJ), uma ação terminou com 26 mortos pela polícia (Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O combate ao crime organizado no Rio de Janeiro é um trabalho que tem que ser realizado em conjunto pelos governos estadual e federal, mas precisa contar com a atuação do Poder Judiciário. A declaração é do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para quem “infelizmente o Rio de Janeiro, hoje, faz parte, se não for o coração desse problema [crime organizado]”. Torres disse que desde a sua posse no ministério já esteve várias vezes com o governador do estado, Cláudio Castro (PL), e que não tem, como o gestor máximo de segurança pública no Brasil, “não tratar o estado como um caso especial”.

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“Um caso a parte, que precisa ser conversado entre os poderes, governo estadual e federal. Esse problema aqui no Rio de Janeiro é crônico e precisamos começar a tratar isso de uma forma séria e organizada em conjunto. Sozinho, o governo do estado não resolve. O governo federal não pode intervir. A gente tem que buscar uma saída para isso, junto com o Judiciário, junto com o Ministério Público”, defendeu hoje (14), ao discursar na posse do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, delegado Ivo Roberto Costa da Silva.

Torres disse que o novo superintendente tem um desafio muito grande e uma responsabilidade gigantesca, de um problema crônico, pela frente. “Agradeço ao senhor por ter topado esse desafio, porque aqui, realmente, a prioridade é máxima, e a nossa urgência é máxima em todos os aspectos”, disse. O ministro também agradeceu o trabalho do superintendente que deixou o cargo, Tácio Muzzi de Carvalho, pelo “belíssimo” trabalho realizado.

O ministro concordou com a crítica do diretor-geral da PF, Márcio Nunes de Oliveira, que em discurso anterior, sem nominar quais seriam, afirmou ter comunidades no estado onde a polícia não pode entrar por causa de decisões judiciais tomadas por pessoas que não conhecem a realidade local. “Foi colocado aqui decisões judiciais de pessoas que não sabem o que é uma comunidade e não sabem a realidade do Rio de Janeiro. Decisões governamentais que ao longo da história complicaram o estado do Rio de Janeiro, transformaram a nossa cidade, talvez a cidade mais bela do país, em uma cidade extremamente complicada de se viver e se morar, onde o caos muitas vezes está instalado e a gente não sabe até quando isso vai permanecer da forma que está”, disse.

Torres defendeu a ocupação dos espaços pelo poder público para afastar a atuação do crime organizado. “O estado precisa voltar a mandar em todo o Rio de janeiro e não apenas em parte dele. Nós não podemos ficar sem acesso a espaços do Rio de Janeiro. Nós não podemos submeter a população de qualquer área do país ao controle, que não seja o controle do Estado. Isso muito nos preocupa. É um assunto de prioridade para a nossa nação, para o país”, disse.

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Índices

De acordo com o ministro da Justiça, em 1 ano e 2 meses em que está à frente da pasta houve avanço na redução da criminalidade, resultado de uma atuação integrada da segurança pública. “Os números estão avançando, diminuímos em 7% os homicídios, 4 mil vidas poupadas no ano passado no Brasil, excelente, mas 4 mil vidas de quantas se perderam? É tudo isso que a gente tem que pensar. É tudo isso que a gente tem que trabalhar.”

Milícia

Torres revelou que ontem (13) à noite assistiu a pré-estreia do documentário Brasil Paralelo. “Quando a gente senta à frente de uma tela gigantesca para ver aquelas imagens da criminalidade no Brasil, e em especial, da criminalidade do Rio de Janeiro, a gente vê o tamanho da responsabilidade de todos nós. E quando eu digo de todos nós, é de todos nós mesmo, policiais, todos nós procuradores, juízes, militares, enfim todos. A milícia no Brasil continua sendo um dos principais problemas que assolam a nossa sociedade. Infelizmente o estado do Rio de Janeiro se destaca nisso.”

O ministro anunciou que na semana que vem vai ocorrer um encontro em Brasília com ministros da Justiça e Segurança Pública de países sul-americanos para discutir o problema da criminalidade organizada na região. “Nós precisamos discutir estratégias. Os problemas são comuns, são problemas conjuntos. O crime há muito extrapolou as fronteiras dos seus países e isso muito me preocupa. Infelizmente, o Rio de Janeiro hoje faz parte, se não for o coração, desse problema”, disse.

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“O que acontece hoje no Rio de Janeiro, que vem se reestruturando ao longo dos anos, é reflexo em todo o Brasil, e o pior, é reflexo em toda a América do Sul”, disse.

O novo superintendente da PF no Rio de Janeiro, Ivo Roberto Costa da Silva, também defendeu a necessidade de concentrar esforços no combate ao crime organizado, “que a cada dia age com mais violência, utilizando verdadeiras armas de guerra para a manutenção de territórios dominados. O combate incansável ao tráfico de drogas, ao tráfico de armas, à lavagem de dinheiro, sempre com o foco na descapitalização financeira desses grupos criminosos, se mostra como meio mais eficiente para combater essas estruturas do crime organizada. Aliado a isso, a união de esforços e o trabalho integrado das forças de segurança pública, surgem como importante ferramenta para se atingir os objetivos pretendidos”.

Corrupção

O delegado defendeu o combate à corrupção, e lembrou a declaração do ex-deputado Ulisses Guimarães na promulgação da Constituição Federal de 1988. “A corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune, tomba nas mãos de demagogos que a pretexto de salvá-la, a tiranizam. Não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública.”

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(Agência Brasil)

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