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Nitazeno: substância “500 vezes mais potente que a heroína” circula por SP

Opioide apareceu no Brasil pela primeira fez, de acordo com estudo da USP e Unicamp

nitazeno
Polícia encontrou nitazeno em drogas sintéticas apreendidas – Créditos: Divulgação/Guarda Civil Metroplitana (GCM)

Um estudo de pesquisadores da USP e Unicamp descobriu a chegada e crescente presença de nitazeno, um opioide mais forte que heroína e fentanil, em drogas sintéticas no Brasil.

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A substância possui efeitos devastadores no usuário. Maurício Yonamine, professor de toxicologia da faculdade de ciências farmacêuticas da USP, faz uma comparação com o fentanil, que, segundo ele, é 50 vezes mais forte que a heroína.

“Esses nitazeno são cerca de 10 vezes a 20 vezes mais potentes do que o fentanil, então, o que a gente tem é uma droga com potencial de causar dependência muito grande e potencial de causar fatalidades também muito grande”, explicou em entrevista ao Jornal Nacional.

A quantidade de drogas sintéticas apreendidas no Brasil em 2020 não passava de algumas gramas. No ano seguinte, subiu para 5 quilos. Em 2022, 51 quilo e, finalmente, 157 quilos em 2023.

O principal desafio das autoridade é a mistura do nizateno com outra substâncias, já que muitos usuários podem não estar ciente do seu consumo de opioides potentes. Em 71,4% dos casos em que a substância foi apreendida, estava junto com outros compostos ativos, especialmente o canabinoide (30% dos casos).

Pesquisadores alertam para a imprevisibilidade da substância do corpo, além de causar problemas respiratórios e alto risco de abuso. “Os nitazenos são substâncias que foram sintetizadas com o objetivo de servirem como medicamentos, mas nunca foram usados para esse propósito, justamente pelo fato de ter sido constatado antecipadamente seu alto potencial de causar dependência e morte. Nitazenos são opioides cerca de 500 vezes mais potentes que a heroína”, afirmou Yonamine.

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Qual a origem do nitazeno?

O nitazeno surgiu na década de 1950 em pesquisas farmacêuticas. Entretanto, nunca teve se uso aprovato na medicina por causa da sua alta potência. Ainda assim, seus efeitos são poucos conhecidos.

O nitazeno foi sintetizado para ser medicamento, mas nunca foi utilizado para tal. De tal forma que a gente não sabe, pois nunca foi utilizado para humanos em uma quantidade grande. A gente não tem essa informação”, elabora o professor de toxicologia.As informações disponíveis sobre a substância são baseadas em relatos de indivíduos que a consumiram. “Ela elimina meu desejo de me movimentar, de comer. Não consigo nem me olhar no espelho. Não resta nada, nem mesmo o amor-próprio. O vício me privou de tudo: o desejo de viver, de sonhar. Levou tudo de mim”, relatou um usuário ao Jornal Nacional.

O Departamento de Narcóticos do Estado de São Paulo declarou que as drogas conhecidas como ‘K’ são principalmente processadas em países asiáticos e europeus, e é muito provável que o nitazeno seja adicionado a esses narcóticos.

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A Secretaria de Saúde do Estado informou que mantém um centro especializado para tratar indivíduos com problemas decorrentes do uso de crack e outras substâncias.

De acordo com a secretaria, o serviço opera ininterruptamente, e os usuários de drogas recebem triagem e avaliação médica. Caso seja necessário, eles são hospitalizados ou redirecionados para outros serviços de atendimento à saúde.

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