O legado de Bruno Covas

Dedicação ao trabalho e à cidade de São Paulo foram suas marcas. Enfrentar uma doença difícil e lidar com uma metrópole como a capital paulista é para os fortes. Lutar sempre foi a escolha do prefeito Bruno Covas, que pediu licença do cargo apenas na reta final da vida

Ruralistas fazem doação de alimentos ao Programa Pátria Voluntária
Ruralistas fazem doação de alimentos ao Programa Pátria Voluntária (Canva Fotos)

Por Lilian Coelho

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Quando surgiu o diagnóstico de um câncer agressivo entre o estômago e o esôfago, em outubro de 2019, a atitude foi rápida: manter a população informada e divulgar cada passo do tratamento. Houve melhora em 2020, mas logo, tumores reapareceram – desta vez, no fígado. Em abril, o câncer atingiu os ossos e o tom já era de despedida.

Foi apenas ali, em abril, que se afastou da prefeitura – e, mesmo internado, continuou recebendo lideranças políticas e tratando de temas referentes ao futuro da cidade.

No boletim de sábado, 15 de maio, o anúncio já era com a sentença de “quadro irreversível”. Às 8h20 deste domingo (16), a morte foi confirmada. Imediatamente, as redes sociais mostraram um pouco da capacidade agregadora de Bruno Covas em unir diferentes pessoas, de diferentes partidos. Aliados e adversários políticos demonstraram pesar. 

O Governador de São Paulo, João Doria, agradeceu a dedicação de Bruno à população e manifestou solidariedade à família. 

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Ex-presidentes da República como Michel Temer, Dilma Rousseff e Lula também mandaram mensagens públicas. 

União também no futebol, em torno de um mesmo tema. O Santos Futebol Clube, time do coração de Covas, escreveu:

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 “O Santos FC lamenta profundamente o falecimento do prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Santista apaixonado, Covas foi um exemplo de luta e amor à vida nessa triste batalha contra o câncer. Nossos sentimentos aos amigos e familiares!”

Corinthians, Palmeiras e Flamengo também lamentaram a morte de Covas na internet. 

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Sejam torcidas ou partidos, o caráter agregador de Bruno se fez presente em sua morte após longa batalha. 

O corpo foi velado na Prefeitura de SP, em cerimônia restrita a amigos e familiares. De lá,foi levado para o enterro no cemitério de Paquetá, em Santos, onde corpo do avô, Mario Covas, foi sepultado.

Já debilitado, no hospital, com os ossos da bacia e da coluna tomados pelo câncer, a mensagem  de otimismo era recorrente. Ele acreditava que, pelo filho, Tomás, iria vencer a doença.

Antes de ser sedado, deixou uma carta a correligionários, na ocasião da filiação de Rodrigo Garcia ao PSDB.

“Gostaria de em primeiro lugar agradecer a todo carinho, a todas as orações e energia positiva que vocês têm me enviado. Lamento não conseguir responder a tantas mensagens, sintam-se todos abraçados. O apoio e o suporte de vocês têm sido decisivos no meu tratamento. Venho seguindo à risca as orientações da minha equipe médica e, de cabeça erguida, enfrentado os desafios que a vida me impõe. A luta é dura e árdua, mas não esmoreço e sigo em frente.”

Na carta, Covas falou ainda do momento ‘catastrófico’ de crise sanitária e criticou o Governo Federal no enfrentamento à pandemia.

“Tucanas e tucanos podem se orgulhar de todo o esforço que nossos governos, no estado de São Paulo e nos municípios, incluindo a nossa Capital, têm feito para enfrentar a pandemia. Das vacinas em produção e desenvolvimento pelo Instituto Butantan, à expansão vertiginosa da infraestrutura hospitalar, o fortalecimento do SUS em nosso estado é uma realidade.”

No fim, em tom de despedida,  fez um apelo por união no Partido.

“No sonho de nossos fundadores, o Partido da Social-Democracia Brasileira, seria o partido capaz de juntar as forças democráticas ponderadas da república na luta pelo bem comum. Rodrigo é um liberal progressista, um parlamentarista, está afinado com nossos valores e ideais. Sua trajetória e sua experiência político administrativa vem contribuir em muito para que nosso partido possa se fortalecer ainda mais e continue a promover as mudanças que a população precisa no estado de São Paulo.”

Descanse em paz, Bruno Covas.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.

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