Em escolas de Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais, uma decisão sobre a circulação de um livro infantil levantou amplas discussões entre pais, educadores e autoridades locais. O livro em questão, “O Menino Marrom” de Ziraldo, conhecido por suas obras que atravessam gerações, tornou-se o centro de uma disputa sobre o conteúdo apresentado aos jovens estudantes.
O contexto do conflito se baseia em preocupações de alguns pais a respeito de dois amigos, personagens do livro, que exploram questões raciais. Alguns trechos foram interpretados como inapropriados, levando a medidas de restrição do livro nas escolas. Com isso, as atividades relacionadas à obra foram canceladas pela Secretaria Municipal de Educação depois da pressão de responsáveis que consideraram o conteúdo “agressivo”.
Tal medida gerou uma onda de apoio ao livro por parte de outros pais e educadores da cidade, que defendem a importância da obra para a discussão de temas pertinentes como diversidade e amizade.
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Por que “O Menino Marrom” foi suspenso?
Trechos do livro que narram os protagonistas realizando um “pacto de sangue”, que posteriormente eles decidem substituir por tinta, foram destacados como exemplo de influência negativa. Entretanto, seguidores de Ziralado argumentam que essas ações são metáforas e fazem parte da exploração literária característica da obra do autor.
O historiador César Willer de Sousa, também pai de uma aluna, expressou sua surpresa e descontentamento com a intervenção ao site g1. Sua visão é compartilhada pela professora Marta Glória Barbosa, que acredita que remover um livro, principalmente um escrito por um ícone literário brasileiro como Ziraldo, é uma afronta à educação e à literatura.
O que dizem os especialistas?
Profissionais especializados em literatura infantojuvenil e pedagogia, como José Carlos Aragão e Rosa Margarida, também ouvidos pelo g1, ressaltam que a literatura deve ser vista como uma forma de arte que provoca reflexão e diálogo, não como um manual de conduta. Ambos criticam a suspensão como uma forma de censura, apontando o quão regressivo é para o desenvolvimento educacional e social das crianças.
A prefeitura, que embora admita que o livro “promove discussões importantes sobre respeito às diferenças e igualdade”, alega que as divergências de opiniões causadas exigem uma reavaliação da abordagem pedagógica para evitar “interpretações equivocadas”. Ao final, a Prefeitura apela para a necessidade de um diálogo mais abrangente entre a escola e a comunidade.
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