A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um alerta para o risco de crise alimentar em economias em desenvolvimento, como é o caso da América Latina. A afirmação foi feita, nesta quarta-feira (8), em um relatório semestral chamado Perspectivas Econômicas.
Para a economista-chefe da OCDE, a francesa Laurence Boone, existe “urgência” para evitar a crise:
“Hoje o mundo está produzindo comida suficiente para alimentar a todos, mas os preços estão muito altos e o risco é de que essa produção não chegue aos mais necessitados (…) A cooperação global é necessária para garantir que os alimentos cheguem aos consumidores a preços acessíveis, especialmente em economias de baixa renda e de mercados emergentes.”
O Brasil, que tem um capítulo dedicado no relatório, teve sua estimativa do PIB diminuída pela OCDE de 1,4% para 0,6% para o ano de 2022. Além disso, a OCDE também alerta para uma crise alimentar principalmente para os mais vulneráveis, destacando o papel “fundamental” dos programas sociais:
“São necessários esforços adicionais para melhorar a segmentação e a eficiência dos gastos públicos, para que a boa gestão fiscal permaneça consistente.”
O relatório da OCDE chega no mesmo dia em que uma pesquisa feita pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) diz que cerca de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil. Esse número chega a ser quase o dobro do número registrado em 2020.
A inflação, a guerra na Ucrânia, a pandemia de Covid-19 e as eleições de outubro são as principais causas, apontadas pela OCDE, do período de insegurança que passa o Brasil.
No fim de 2020, 19 milhões de pessoas viviam com fome. Em 2022, somos 33 milhões de brasileiros que não tem o que comer.
Os dados tristes e alarmantes são da 2ª Edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, lançado hoje.
— ERIKA HILTON 🏳️⚧️ ☀️ 🚩 (@ErikakHilton) June 8, 2022