Um fenômeno climático sem precedentes está intrigando cientistas ao redor do mundo: uma onda de calor na Antártida, com temperaturas que chegaram a ser até 30 graus acima do normal. Este evento inusitado está fazendo com que pesquisadores se debrucem sobre suas causas e consequências para o clima global.
A região sul e leste da Austrália, por exemplo, está vivenciando um inverno com temperaturas congelantes e clima extremo. Ao mesmo tempo, o continente austríaco e o globo continuam a aquecer. O que está acontecendo? O fenômeno pode estar diretamente relacionado com o que se passa nas camadas superiores da atmosfera antártica.
Como a onda de calor na Antártida está mudando o clima?
O que acontece na atmosfera sobre a Antártida tem um impacto significativo no clima de outras regiões do globo. Durante julho, na estratosfera (10 a 50 km de altitude), as temperaturas são normalmente em torno de –80°C, com ventos que atingem 300 km/h. Esses ventos circulam o polo no chamado vórtice polar estratosférico.
Eventos de alta pressão na atmosfera inferior podem influenciar grandes ondas que se propagam pela estratosfera, desacelerando os ventos e aquecendo o ar. Em casos extremos, esses ventos podem colapsar completamente, um evento conhecido como “aquecimento estratosférico súbito”. Este fenômeno foi observado apenas uma vez no hemisfério sul, em 2002.
O que é um Aquecimento Estratosférico Súbito?
O aquecimento estratosférico súbito ocorre quando há uma drástica elevação da temperatura na estratosfera, que pode influenciar o clima da superfície. O vórtice polar, ao ser perturbado, direciona sistemas meteorológicos do Oceano Antártico em direção ao Equador, mas os impactos na superfície podem demorar semanas ou meses para serem sentidos.
Quando o vórtice polar é fraco, coloca o Modo Anular do Sul numa fase negativa, trazendo os ventos de oeste mais para o norte, impactando diretamente o clima da Austrália. No inverno, isso pode resultar em mais chuva no sul da Austrália e neve nas regiões montanhosas. Na primavera e verão, os ventos do oeste trazem o ar quente e seco para o sudeste do país.
O que isso significa para o clima global?
Entender as razões por trás desse evento extremo é complicado, especialmente considerando que as temperaturas globais estão mais altas do que o normal. O vórtice polar estratosférico na Antártida esquentou cerca de 20°C acima da média de longo prazo, e ventos desaceleraram 70 km/h. Isso implica mudanças significativas em sistemas climáticos globais.
Essas alterações podem ser causadas pelas altas temperaturas oceânicas ou até mesmo pelos efeitos da erupção do vulcão Hunga Tonga em 2022. No entanto, apenas pesquisas adicionais poderão confirmar essas causas.
Quais são as previsões para o resto do ano?
Há dois cenários possíveis para o final do ano:
- Os ventos e as temperaturas estratosféricas podem retornar aos seus padrões usuais, cessando a influência no clima da superfície.
- A estratosfera pode continuar a esquentar e os ventos permanecerem mais lentos, resultando em uma primavera e verão mais quentes e secos no sudeste da Austrália, e potencialmente um pequeno buraco na camada de ozônio.
Os modelos de previsão sazonal do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo parecem favorecer o segundo cenário. Este desenvolvimento continua a ser monitorado por cientistas ao redor do mundo, buscando entender melhor como essas mudanças na estratosfera antártica influenciarão o clima global.
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