Onda de calor na Antártica: Temperaturas recordes no meio do inverno e um alerta para o futuro

Ondas de calor sem precedentes na Antártica levantam preocupações sobre o futuro das mudanças climáticas. Temperaturas até 20ºC acima da média desafiam cientistas e apontam para um futuro incerto. O que está por trás deste fenômeno extremo?

Onda de calor na Antártica: Temperaturas recordes no meio do inverno e um alerta para o futuro
Onda de calor na Antártica: Temperaturas recordes no meio do inverno e um alerta para o futuro – Crédito: ADICTIVE_STOCK/envato

O meio do inverno trouxe uma nova e preocupante onda de calor à Antártica, que promete durar por mais alguns dias. Esta é a segunda grande onda de calor registrada na Antártica nos últimos dois anos, com algumas regiões apresentando temperaturas até 20 graus Celsius acima da média.

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Neste exato momento, as temperaturas no continente antártico estão aproximadamente 68 graus Fahrenheit (20 graus Celsius) acima do normal. A previsão é que esta onda de calor se prolongue por mais 10 dias, servindo como um presságio do que está por vir em um mundo que enfrenta constantes aumentos na temperatura global.

Onda de calor na Antártica: Um fenômeno inédito?

De acordo com Edward Blanchard, cientista atmosférico da Universidade de Washington, a atual onda de calor na Antártica é quase recorde para esta região. Essa anomalia climática cobre grande parte da Antártica Oriental, a maior parte do continente. Mesmo estando em pleno inverno, as temperaturas de -4 graus Fahrenheit (-20 Celsius) estão muito acima da média histórica.

Espera-se que as temperaturas permaneçam entre 2 a 20 graus acima da média pelos próximos 10 dias na Antártica Oriental. Este continente está apresentando algumas das maiores anomalias de temperatura do planeta. O mês de julho foi substancialmente mais quente que o normal, e ao entrar em agosto, as temperaturas continuam a desafiar os padrões climáticos, mantendo-se acima da média histórica em até 20 graus Celsius.

Quais as causas destes eventos de calor na Antártica?

Ainda é cedo para identificar com precisão as causas dessa onda de calor, mas ela é notável devido à sua magnitude. Heather Butler, cientista atmosférica da NOAA, sugere que esta anomalia pode estar ligada a processos estratosféricos ocorrendo a mais de 32 quilômetros de altitude. A estratosfera possui uma faixa de ar frio conhecida como vórtice polar, e esta onda de calor pode estar relacionada com seu enfraquecimento.

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Neste ano, o vórtice polar foi atingido por ondas atmosféricas que enfraqueceram sua resistência, permitindo que as temperaturas em grandes altitudes aumentassem drasticamente. Este fenômeno é conhecido como aquecimento estratosférico súbito (SSW) e pode impactar até mesmo a baixa atmosfera. Com o enfraquecimento da corrente de jato, o ar polar desloca-se para o norte, enquanto o ar mais quente ocupa seu lugar na Antártica.

Quais as consequências da onda de calor na Antártica?

Em julho de 2024, a Estação do Polo Sul registrou o mês de julho mais quente desde 2002, com temperaturas médias de 6,3 graus Celsius acima da média. Entre os dias 20 e 30 de julho, a temperatura média foi de -54 graus (-6,67 Celsius), o que normalmente seria esperado apenas no final do verão.

A base de pesquisa Vostok, localizada no coração da calota de gelo, também experimentou um recorde de calor, registrando o julho mais quente desde 2009, com temperaturas 12 graus acima da média. Essa onda de calor é extraordinária tanto pela sua duração quanto pela sua intensidade.

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O que pode ser feito para minimizar o impacto das ondas de calor na Antártica?

Numerosos fatores contribuem para essas ondas de calor. A cobertura de gelo antártico é a segunda mais baixa já registrada, o que impede a reflexão da luz solar de volta ao espaço e, consequentemente, mantém as regiões polares mais quentes. A temperatura global do planeta aumentou mais de 1,5 graus Celsius nos últimos 12 meses, e esse aquecimento é ainda mais pronunciado nos polos, que aquecem duas vezes mais rápido que o restante do planeta.

O aumento das temperaturas médias eleva a linha de base para eventos de aquecimento extremo, tornando-os mais frequentes e impactantes. A maior onda de calor já registrada na Antártica e em todo o mundo aconteceu em março de 2022, quando a costa oriental do continente apresentou temperaturas 70 graus Fahrenheit (21,1 Celsius) acima da média.

É um momento crucial para refletirmos sobre as medidas que podemos adotar para mitigar o impacto das mudanças climáticas, não só na Antártica, mas em todo o planeta.

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