Geraldo dos Santos Filho, também conhecido como pastor Júnior, construiu um patrimônio estimado em R$ 6 milhões lavando dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de igrejas evangélicas, conforme investigação do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN).
O pastor, preso em um condomínio de luxo em Sorocaba, no interior de São Paulo, há pouco mais de um ano, é irmão de Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, um importante líder do PCC, preso em 2022. De acordo com o MPRN, Geraldo lavou dinheiro do tráfico de drogas ao adquirir cinco igrejas no Rio Grande do Norte e duas em São Paulo.
Durante os quase 16 anos em que ficou foragido, ele usou documentos falsos para fundar a Assembleia de Deus Para as Nações, onde atuava como pastor Júnior. O criminoso já havia sido preso em 2002 com 12 quilos de cocaína e condenado a 11 anos e oito meses de prisão. Ele fugiu após a publicação da sentença e só foi capturado pela segunda vez em 2019.
Império do pastor Júnior
Enquanto cumpria prisão domiciliar, Geraldo continuou a construir seu patrimônio. Com o uso de laranjas e contas em seu nome, ele movimentou mais de R$ 2,2 milhões em um período de cinco meses.
Uma investigação do MPRN revelou que ele atuava como intermediário entre seu irmão Valdeci e outros membros do PCC em relação à movimentação de grandes somas de dinheiro ilícito. Na conta de um dos laranjas do esquema, foram identificadas movimentações de R$ 23 milhões em nove anos.
Além de Geraldo, sua esposa Thaís Cristina de Araújo Soares, Valdeci Alves dos Santos e outros dois irmãos foram denunciados por associação criminosa, associação ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro entre 2008 e 2023.
A Operação Plata, que desvendou o esquema de lavagem de dinheiro por meio de igrejas, faz parte da Operação Sharks, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que investiga o enriquecimento ilícito de membros do PCC e o tráfico internacional de drogas.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini