Nos últimos meses, a comunidade meteorológica tem acompanhado de perto a possibilidade de um evento de La Niña, com o resfriamento das águas do Oceano Pacífico na faixa equatorial. O fenômeno, apesar de ainda incerto, poderia trazer mudanças significativas no clima mundial. Segundo o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), publicado no início desta semana, a temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste está em 0,0ºC, em total neutralidade.
Essa condição de neutralidade deve se manter nas próximas semanas, sem expectativa imediata de um evento de La Niña. Contudo, a NOAA estima uma probabilidade de até 72% de La Niña no final de 2024.
La Niña no Pacífico: O que esperar?
De acordo com os especialistas, existem dois possíveis cenários para os próximos meses:
- Um evento de La Niña muito fraco e de curta duração entre a primavera e o verão.
- O Pacífico manterá sua neutralidade, com anomalias de temperatura próximas aos valores de La Niña, mas sem caracterizar o fenômeno.
O que é a La Niña do Atlântico?
Enquanto o Pacífico atrai grande atenção, o Atlântico também pode experimentar fenômenos climáticos semelhantes. A La Niña Atlântica é menos conhecida, mas pode ter impactos regionais significativos. Este fenômeno ocorre quando as temperaturas da superfície do mar no Atlântico Equatorial Leste apresentam anomalias frias substanciais devido a oscilações no modo zonal do Atlântico.
Normalmente, as águas do Atlântico Equatorial Leste são mais quentes na primavera e mais frias no verão, devido aos ventos que trazem água fria das profundezas do oceano para a superfície. Este processo, conhecido como ressurgência equatorial, pode criar uma “língua” de águas frias durante meses de verão. Quando essas anomalias excedem ±0,5 graus Celsius por um período prolongado, um evento de La Niña Atlântica é declarado.
Como a La Niña Atlântica afeta o clima?
Embora o resfriamento no Atlântico não tenha o mesmo impacto global que uma La Niña no Pacífico, ainda pode influenciar o clima regional de maneira significativa. Aqui estão alguns efeitos documentados:
- Redução de chuvas na região do Sahel, na África.
- Aumento das chuvas no Golfo da Guiné.
- Mudanças sazonais na estação chuvosa no Nordeste da América do Sul, incluindo o Brasil.
- Aumento da probabilidade de furacões próximos a Cabo Verde.
O início de 2024 viu temperaturas da superfície do mar no Atlântico Equatorial Leste excedendo os 30ºC, um dos eventos mais quentes desde 1982. A rápida transição para condições mais frias durante junho e julho foi igualmente surpreendente e poderia ser um indicativo de uma possível La Niña Atlântica.
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