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Preocupados com parentes, repatriados experimentam paz no Brasil

Já sob os cuidados do governo brasileiro, eles relataram sentimento de alívio de terem conseguido sair da região mais atingida pelo conflito Israel-Hamas

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(Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Após mais de 30 dias de espera, os repatriados da Faixa de Gaza, que chegaram na noite de segunda-feira (13) em Brasília, puderam respirar aliviados. Já sob os cuidados do governo brasileiro, relataram sentimento de alívio de terem conseguido sair da região mais atingida pelo conflito Israel-Hamas.

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Em conversa com a Agência Brasil, eles contaram sobre a sensação de segurança e alívio que tiveram, e sobre as crianças poderem brincar ao ar livre – momentos que não viviam desde o início do conflito, em 7 de outubro.

No entanto, ainda temem por parentes e amigos que continuam nas áreas em meio à guerra, sem perspectiva de saída. A maioria relata já ter vivenciado conflitos, porém em intensidade menor do que a experimentada no último mês. Estima-se que mais de 10 mil pessoas foram mortas na guerra até agora.

Mahmoud Abuhaluoub é um dos palestinos a retornar ao Brasil. Em 2020, após sete anos vivendo em território brasileiro, foi a Gaza para visitar a mãe idosa. Nas últimas semanas, o comerciante conta que o cenário era de prédios desmoronados, bombas em escolas e igrejas, que serviam de abrigos.

“A gente não imagina que vai aguentar”, disse. “Só ficamos ouvindo bombas, aviões e ataques por cima”, afirmou ao relatar um dos momentos mais tensos, quando tiveram de evacuar o norte de Gaza em direção ao sul, conforme determinou Israel.

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Sobre o primeiro dia no Brasil, Abuhaluoub relaciona o país com algo que lhe fez falta nas últimas semanas em Gaza. “Brasileiros sempre dizem que Brasil é terra de paz. Hoje entendi essa palavra”.

A jovem Shahed Albanna esperava completar 18 anos, o que ocorreu em setembro deste ano, para retornar ao Brasil. Porém, não houve tempo hábil para deixar Gaza antes da guerra eclodir, no início de outubro. Ela, a irmã mais nova e a mãe moravam em São Paulo e foram para o enclave. A mãe estava muito doente e desejava passar um tempo com parentes.

“Ninguém imagina estar numa situação dessa e de repente estar em uma guerra”, conta.

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Nos últimos 37 dias, Shahed mostrou em vídeos e nas redes sociais as dificuldades dos brasileiros e palestinos na região do conflito, como falta de água, comida, energia e internet. Ela contou que a leitura foi uma das formas de aliviar os momentos de tensão.

“Era difícil passar o tempo. Passei o tempo lendo livros que gosto e brincando com as crianças para não sentirem tanto medo”, lembrou.

A jovem está entre os repatriados que irão para um abrigo no interior de São Paulo. Ela e mais 25 pessoas embarcam nesta quarta-feira (15). “Estou mais calma. Mas queria compartilhar essa felicidade com quem amamos”, afirmou, em referência aos amigos que ficaram em Gaza.

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“A gente acordou aqui com o barulhinho do passarinho. Lá, não existe isso. Só existe o bombardeio”, descreveu Hasan Rabee sobre o primeiro dia no Brasil.

Ele, a esposa e as duas filhas foram os primeiros a desembarcar do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na noite de segunda-feira.

Depois de mudar mais de sete vezes de lugar em Khan Younes, para fugir dos bombardeios, a família voltará a São Paulo, onde vivem desde 2014.

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“Voltamos e agora é ganhar dinheiro para pagar o pão das crianças”, fala o comerciante, que trabalha com assistência de celulares.

Hasan conta ter vivenciado conflitos anteriores, quando crianças, mas aponta que o atual é o “pior” já visto. Segundo ele, a esposa e as filhas ficaram muito assustadas com o conflito. “Fui para [Gaza] e nunca mais”, disse.

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