CRIME

Quem é Kat Torres, a ex-modelo brasileira condenada por tráfico humano?

Ela produzia conteúdo para as redes sociais, alegando ser coach espiritual, para atrair suas vítimas; Mais de 20 mulheres a acusam de exploração e abuso

Kat Torres alegava ser coach espiritual para atrair suas vítimas; Mais de 20 mulheres a acusam de trabalho exploração e abuso.
A modelo ainda alega ser inocente – Créditos: Reprodução/ BBC

A influenciadora e ex-modelo Kat Torres foi condenada a oito anos de prisão pela 10ª Vara Federal do Rio de Janeiro. A sentença foi proferida após acusações de que ela estava envolvida em esquema de tráfico humano, conquistando vítimas ao prometer prosperidade e bem-estar e as colocando em condições análogas à escravidão.

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Em 2022, duas jovens brasileiras – Desirrê Freitas e Letícia Maia – que moravam com a modelo nos Estados Unidos desapareceram, e logo se iniciou uma investigação. Nas redes sociais, Kat as chamava de “clã de bruxas”, por serem um grupo de jovens recrutadas pela influenciadora para trabalhar para ela devido a sua suposta habilidade espiritual.

Todas as mulheres foram submetidas a trabalho análogo à escravidão, vivendo na casa e sendo obrigadas a seguirem regras e fazerem aquilo que Kat mandava. A modelo chegou a forçar as jovens a pagarem quantias exorbitantes de dinheiro, entrarem para a prostituição (que é ilegal no Texas, estado onde moravam) e entregarem seus documentos.

Quem é Kat Torres?

Kat Torres nasceu e cresceu nas favelas de Belém e com seu trabalho como modelo ascendeu socialmente. Ela chegou a desfilar internacionalmente, se tornando um nome conhecido na indústria e frequentando festas em Hollywood. Ela chegou a participar de programas de televisão e ser capa de revista.

Sua carreira tomou um rumo drástico quando ela começou a oferecer serviços de coaching espiritual por uma assinatura mensal, utilizando seu carisma para atrair seguidores vulneráveis. Em meio a promessas de amor, sucesso e autoestima, ela cobrava US$ 150 ( cerca de R$817) adicionais por consultas privadas, alegando ser capaz de solucionar qualquer dilema pessoal.

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Quais as denúncias contra a modelo?

Após dois meses sem contato com Desirrê e Letícia, as famílias das brasileiras começaram um movimento para procurá-las, temendo que tivessem sido assassinadas ou violadas. O caso ganhou popularidade nas redes sociais e acabou chegando à imprensa, o que fez com que Ana, que trabalhou para Kat Torres em 2019, falar sobre o que aconteceu.

Ana tinha se mudado para os Estados Unidos sozinha, saindo do sul do Brasil, e por ter tido uma infância traumática, se identificava e gostava do discurso de Kat. Logo depois, a modelo propôs para que Ana fosse morar com ela em Nova Iorque para trabalhar na casa, enquanto teria acesso a todos os seus conselhos e guias espirituais.

Logo ela descobriu que a realidade era bem diferente das fotos no Instagram. Ela descreve as condições de trabalho como insalubres e afirma que nunca foi remunerada, vivendo em constante estado de vigília e obrigada a atender a todos os caprichos de Kat. “Senti como se estivesse presa”, disse ela em entrevista à BBC. “Provavelmente fui uma das primeiras vítimas de tráfico humano da Kat”.

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Ao observar o desaparecimento subsequente de outras jovens brasileiras, Ana percebeu a gravidade da situação e contatou as autoridades, contanto sua história e revelando que elas poderiam estar em perigo. Assim, foi instaurada uma operação liderada pelo FBI, que investigou a situação e descobriu que diversas outras mulheres estavam passando por situações similares à de Ana.

As acusações foram transferidas ao Brasil e ela foi julgada no Rio de Janeiro. Mais 20 mulheres denunciaram Kat Torres e dizem terem sido enganadas ou exploradas por ela; uma investigação segue em curso no país.

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