Ronnie Lessa, acusado de ser um dos executores do assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, afirmou em depoimento que os mandantes do crime ofereceram R$ 100 milhões pelo assassinato.
A declaração foi dada à Justiça do Rio de Janeiro no âmbito das investigações sobre o caso, que ocorreu em 14 de março de 2018.
100 milhões de reais para matar
Os mandantes seriam, segundo Lessa, Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão. Lessa disse que como pagamento, os Brazão ofereceram a ele e um de seus comparsas, o Macalé (apelido do ex-PM Edimilson de Oliveira) um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio, avaliado em milhões de reais.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de 20 milhões de dólares. A gente não está falando de pouco dinheiro […] ninguém recebe uma proposta de receber dez milhões de dólares simplesmente para matar uma pessoa”, disse.
Durante o depoimento, ele se recusou a responder várias perguntas, alegando que não tinha conhecimento dos detalhes ou que não se lembrava. A defesa de Lessa afirma que ele é inocente e que as acusações são baseadas em evidências frágeis.
O caso de Marielle Franco, que era uma ativa defensora dos direitos humanos e críticas das milícias e abusos policiais, gerou uma ampla comoção nacional e internacional, com diversas manifestações pedindo justiça. As investigações têm sido marcadas por controvérsias e acusações de falta de transparência e lentidão
A investigação também levou à prisão de outro suspeito, Élcio Queiroz, que teria ajudado Lessa na execução do crime. Ambos os acusados são ex-policiais militares.
Assassinato de Marielle Franco
O motivo do assassinato ainda não foi completamente elucidado, mas especula-se que esteja relacionado ao trabalho de Marielle na denúncia de abusos de poder e violações de direitos humanos nas comunidades do Rio de Janeiro.
As declarações de Lessa reacendem o debate sobre a motivação do crime e a possível existência de uma rede de mandantes com grande influência e poder econômico. As autoridades continuam a investigar para tentar identificar os autores intelectuais do assassinato e trazer justiça para Marielle e Anderson.
Leia abaixo trecho depoimento da entrevista de Lessa ao programa Fantástico, da TV Globo:
“A gente que mata. Não tem problema. Eu aceitei de cara, sem saber até quem é. […] Não é uma empreitada para você chegar ali, matar uma pessoa, ganhar um dinheirinho. Não. […] Era muito dinheiro envolvido. Na época, ele falou em R$ 100 milhões, que realmente as contas batem. R$ 100 milhões, tipo, o lucro dos 2 loteamentos. […] Na época, como até hoje, eu não sei quanto está o dólar, mas dá mais de US$ 20 milhões. A gente não está falando de pouco dinheiro. Então isso aí foi um impacto. Ninguém recebe uma proposta de receber US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa assim, impactante realmente”.
R$ 100 milhões! De onde viria tanto dinheiro? Era o lucro prometido a Ronnie Lessa para matar Marielle. Foi o que mostrou o ‘Fantástico’. Não pode ser o fim, precisa ser o início de uma ampla investigação para abrir as entranhas do Estado e extirprar as milícias de dentro dele.
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) May 27, 2024