O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) está apoiando o ato ecumênico que acontece neste sábado (25/5), na capital, em memória do soldado Luca Romano Angerami, executado pelo crime organizado, na Baixada Santista. O jovem, que tinha 21 anos, servia à Polícia Militar (PM) e vem de família que abarca vários policiais civis, incluindo o avô, Alberto Angerami, que já foi delegado-geral-adjunto da Polícia Civil, seu pai, o investigador Renzo Angerami, e a madrasta, a delegada Fabiana Sena Angerami.
Além de prestar homenagem ao jovem policial, o ato defenderá a edição de leis mais duras para quem comete delitos contra profissionais da Segurança Pública no Estado de São Paulo.
Luca estava desaparecido há pouco mais de um mês e teve seu corpo encontrado na segunda-feira (20/5), na comunidade Vila Baiana, no Guarujá-SP. Investigações apontam que o crime organizado da Baixada Santista executou o policial.
A delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp, destaca que o momento é de consternação, de indignação e de união, mas, também, de luta pela valorização da vida de todos os profissionais da Segurança Pública, independentemente da instituição a qual pertençam, seja Civil, Federal, Militar, Penal ou Guarda Civil:
“As instituições têm atribuições, demandas e papéis constitucionais próprios, mas, também, existem pontos em comum, entre eles a necessária e urgente valorização da vida dos agentes de Segurança Pública. Conheço os policiais civis da família do Luca. Testemunhar o orgulho que sentiam por ele se transformar em tanto sofrimento é de uma tristeza imensurável. Nossos profissionais precisam de maior proteção jurídica. Chega de enterrar homens e mulheres da Polícia”, destaca Jacqueline.
De acordo com a delegada, o Sindpesp se unirá, no ato deste sábado, aos familiares de Luca. O movimento terá início às 10h, no Clube Acre (Rua Água Comprida, 257 – Jardim França).
Justiça
O investigador Renzo Angerami e a delegada Fabiana Angerami, pai e madrasta de Luca Angerami, explicam que o ato marcado para amanhã “será democrático e receberá todos aqueles que clamam por justiça”:
“É preciso dar um basta a toda essa violência. Estamos saturados com essa onda de criminalidade. As pessoas estão, cada vez mais, sem poder sair às ruas. E policiais jovens, como o meu filho, estão morrendo todos os dias na mão de bandidos. Nunca tivemos tanta letalidade contra policiais do estado de São Paulo como agora”, lamenta o investigador.
Letalidade para policiais
Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela que o País continua perdendo número excessivo de policiais ano a ano, o que corrobora a preocupação da presidente do Sindicato dos Delegados. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 do FBSP, 161 policiais morreram assassinados em 2022 no País, durante o serviço, ou quando estavam de folga (à paisana), e 98 por suicídio.
Dos que foram executados, sete em cada dez perderam a vida enquanto não estavam trabalhando. O estudo mostra, ainda, que 16 policiais a mais foram assassinados no Brasil em 2022 em comparação com 2021.
Entenda o caso
Luca Romano Angerami tinha 21 anos e trabalhava no 3º Batalhão de Polícia Metropolitano (BPM), no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. O soldado, que tinha outros três irmãos, incluindo um policial militar, servia à corporação há dois anos.
Luca estava desaparecido há mais de um mês. O PM foi visto pela última vez na madrugada de 14/4, numa adega da comunidade Santo Antônio, no Guarujá, com dois amigos. Depois, câmeras de monitoramento do bairro filmaram o agente acompanhado por um homem, que foi preso.
De acordo com a Polícia, Luca foi torturado e morto após passar pelo “tribunal do crime” de facções do litoral:
“Além do homicídio, houve sequestro, cárcere privado e tortura”, afirmou o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), à Imprensa.
O corpo da vítima foi encontrado há três dias, por policiais da Delegacia Seccional de Santos-SP, com sinais de violência.