Tempestades incomuns no sul do Brasil atingem céus envoltos em fumaça de incêndios

Tempestades com raios no Sul do Brasil ocorreram recentemente em meio a uma densa camada de fumaça

Tempestades incomuns no sul do Brasil atingem céus envoltos em fumaça de incêndios
Tempestades incomuns no sul do Brasil atingem céus envoltos em fumaça de incêndios – Crédito: DENIS GOERL

Tempestades com raios são comuns no Sul do Brasil, especialmente durante a primavera e o verão. No entanto, quando esses fenômenos ocorrem em meio a uma densa camada de fumaça, a situação se torna bastante atípica e digna de nota.

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Na manhã deste sábado, os moradores de Caxias do Sul e outras localidades da Serra Gaúcha foram surpreendidos por raios em meio à densa fumaça proveniente do Norte da América do Sul. Este evento climático incomum foi causado pela combinação de ar quente e frio, gerando nuvens carregadas capazes de produzir raios.

Como o ar quente e a fumaça contribuíram para os raios em Caxias do Sul?

A instabilidade climática que resultou nos raios em Caxias do Sul foi provocada pela entrada de ar mais quente na Metade Norte do Rio Grande do Sul, que encontrou uma atmosfera fria, responsável por trazer temperaturas abaixo de zero nos dias anteriores. Este encontro de massas de ar gerou nuvens mais carregadas, levando à ocorrência de raios.

A fumaça veio acompanhada de correntes de vento vindas do Norte, pelo interior da América do Sul, trazendo também ar quente para o Sul do Brasil, elevando significativamente as temperaturas em diversas áreas. Os raios ocorreram sob um corredor de fumaça, causando um cenário peculiar e preocupante.

Como a fumaça afeta a ocorrência de raios?

Estudos mostram que grandes incêndios florestais podem criar suas próprias condições climáticas, incluindo a formação de raios. A fumaça proveniente de incêndios pode interferir na eletricidade das tempestades. O material particulado presente na fumaça altera as características elétricas das tempestades, aumentando a frequência de raios, especialmente os de carga positiva.

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  • Raios positivos são mais perigosos porque possuem campos elétricos mais fortes e longa duração.
  • Esses raios se originam na parte superior das nuvens e podem atingir o solo a longas distâncias da tempestade.
  • Tempestades com fumaça também produzem sprites ópticos mesosféricos, brilhos fugazes em forma de água-viva vermelha.

Quais são os impactos dessa fumaça em longas distâncias?

A influência da fumaça nas tempestades vai além do local de origem dos incêndios. Estudos, como um realizado pelo MIT no final dos anos 90, mostraram que a fumaça dos incêndios no México interferiu com as tempestades nos Estados Unidos, aumentando a quantidade de raios de carga positiva. Da mesma forma, a fumaça que atingiu o Sul do Brasil pode ter efeitos significativos nas características das tempestades locais.

Como a fumaça afeta a qualidade do ar e a formação de raios?

Imagens de satélite do GOES-16 da NOAA/NASA mostraram um grande corredor de fumaça ingressando no Sul do Brasil. Esta fumaça densa não só reduz a visibilidade, como também impacta a qualidade do ar, trazendo um aspecto de névoa ao céu da região.

A fumaça pode apenas ser dissipada com a ocorrência de chuvas, que são essenciais para limpar a atmosfera carregada de fuligem, contaminantes e aerossóis. Enquanto isso, a presença de tais elementos na atmosfera afeta a produção de raios nas tempestades, fornecendo partículas onde o vapor da nuvem se condensa, formando gotas maiores de água que influenciam nos mecanismos baseados em gelo da formação de raios.

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  • A névoa de fumaça e poluentes só é dissipada com a chuva.
  • Partículas na fumaça influenciam a formação de raios.
  • Tempestades com alta carga de fumaça produzem mais raios positivos.

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