As poucas empresas que ainda oferecem voos na primeira classe no Brasil chegam a cobrar R$ 80 mil pela passagem mais luxuosa da aviação. O valor da primeira classe a partir do território nacional começa em R$ 50 mil, para a Europa (ida e volta), R$ 60 mil para os Estados Unidos e, por último, R$ 80 mil para o Oriente Médio.
O oferecimento de serviços exclusivos como transporte de carro até a porta do avião, pratos assinados por chefs com estrelas Michelin é algo que se tornou raro no Brasil. A Latam, por exemplo, costumava oferecer assentos na primeira classe até 2014, quando ainda atendia por TAM.
Upgrade da Executiva
A maior mudança que ocasionou essa escassez de passagens de primeira classe foi, principalmente, o investimento na melhoria dos assentos da classe executiva. Esta foi a escolha da empresa americana United, que em 2018 deixou de oferecer oficialmente as passagens na categoria, substituindo por um serviço semelhante na executiva.
Uma das companhias mais luxuosas do mundo, a Qatar Airways, também deixou de oferecer a primeira classe no Brasil. A classe executiva da empresa de aviação foi eleita a melhor do mundo e conta, inclusive, com portas que cercam as cabines individuais de cada passageiro.
“Cinco ou dez anos atrás, os assentos de várias executivas não deitavam 180 graus. Hoje, isso não existe mais. A comida da executiva também melhorou muito. Então, tem menos necessidade [da primeira classe]. Mas a primeira ainda é um produto com muito diferencial” é a explicação Steven van Wijk, o diretor comercial da Air France-KLM na América do Sul, para o desaparecimento das passagens mais luxuosas.
A oferta da primeira classe também inclui a demanda pelo serviço. “Oferecer a primeira classe depende muito de onde e para onde você voa. Para nós, Paris é realmente a base principal. É uma cidade de luxo, negócios e lazer. Sentimos que nossa marca La Première [nome atribuído à primeira classe da Air France] se encaixa muito bem na rota São Paulo-Paris.” continua Wijk.
Otimização do espaço
Muitas empresas de aviação optam por oferecer mais assentos nas classes turística e executiva ao invés dos mais luxuosos da primeira classe.
A Emirates, a partir deste mês, vai deixar de oferecer voos com opção de primeira classe do Rio de Janeiro a Dubai e passará a manter apenas os assentos de luxo em voos que saem de São Paulo. O diretor da companhia no Brasil e na Argentina, Stephane Perard, declarou que a decisão foi devido à pouca quantidade de aviões que incluem a primeira classe.
A partir de agora, a Emirates voa com 14 suítes de primeira classe por dia partindo do Brasil. Perard destaca que, normalmente, cerca de metade dos assento oferecidos são preenchidos, com a maioria dos clientes sendo brasileiros. “O objetivo não é ter 100% de ocupação, mas oferecer o produto. Queremos atender todos os nichos específicos.”
Diferente da companhia dos Emirados Árabes, a Air France conta com apenas 4 suítes de primeira classe e dão muita importância à ocupação, conta Steven van Wijk. “Menos de 20% da nossa frota para voos de longa distância tem primeira classe. Se não temos uma boa taxa de ocupação, a empresa pode decidir usar o avião com primeira classe para outra rota.”
Luxo nas alturas
Tomar banho a 10 mil metros de altitude, em banheiro aquecido com cosméticos que incluem perfume da marca italiana Bulgari, dormir com travesseiro de plumas usando pijamas mantém a pele hidratada durante o voo, jantar caviar servido com colher de madrepérola, além de camarão, vieiras e bacalhau são algumas das regalias de quem viaja na primeira classe da Emirates.
A sala vip da Air France em Paris oferece tratamento facial com produtos da marca Sisley, pratos assinados pelo renomado chef francês Alain Ducasse. Steven van Wijk ressalta que um dos maiores diferenciais da primeira classe da companhia é a gastronomia. Nos voos saindo de Paris, o menu é assinado por Arnaud Lallement.
A American Airlines oferece oito assentos de primeira classe em voos partindo do Brasil. O diferencial está principalmente na sala de check-in exclusiva em algumas cidades e cosméticos da marca de luxo americana D. S. & Durga entre os ‘amenities’ dentro do voo. No entanto, a companhia deve extinguir a modalidade. O diretor comercial, Vasu Raja, afirmou em outubro que os “clientes não estão comprando o produto”.