CACHALOTES

Baleias conversam de forma parecida com os humanos, segundo cientistas

As “conversas” que os mamíferos têm são uma forma de comunicação sonora, utilizada por estes animais para distinguir seu grupo dos demais

As "conversas" que as baleias tem são uma forma de comunicação sonora, utilizada por estes mamíferos para distinguir seu grupo dos demais.
Cientistas analisaram sons produzidos por cachalotes que vivem nos mares do Caribe – Créditos: Nuno Vasco Rodrigues

Uma pesquisa publicada na revista científica Nature Communications revelou que os sons emitidos por baleias cachalotes são consideravelmente semelhantes à linguagem humana. Os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) analisaram o grupo EC-1 (que significa o “leste do Caribe 1“, na abreviação inglesa), um dos clãs que vivem nos mares caribenhos.

Publicidade

As “conversas” que as baleias têm são uma forma de comunicação sonora, utilizada por estes mamíferos para distinguir seu grupo dos demais. Os clãs são estes grupos de baleias, que têm suas afinidades e tendem a interagir preferencialmente com os membros de seu próprio clã. Confira o som que estes animais emitem:

Dentro da comunicação sonora, os animais utilizam as codas, que são sequências de sons padronizados, como estalos ou cliques. Eles são feitos em intervalos, com pausas de alguns segundos, e utilizados para diálogo entre as baleias. Ainda, as codas podem ser emitidas em corais, ou seja, por dois ou mais cachalotes ao mesmo tempo.

Até hoje, cientistas do mundo todo já identificaram 150 tipos de codas diferentes, sendo 21 emitidas apenas no Caribe. Durante o estudo recentemente divulgado, as gravações do clã EC-1 revelaram que há mais informações nas “vozes” ouvidas, muito além de apenas o tipo de coda. Foram analisados quase 9 mil tipos de codas e tiveram duas descobertas inusitadas.

Publicidade

Afinal, qual a semelhança da linguagem das baleias com a humana?

A primeira revelação dos cientistas, que assemelha as baleias dos seres humanos, está relacionado ao chamado rubato. Este é o ato de variação nos intervalos entre os estalos ou cliques emitidos pelos animais.

Isso acontece com os seres humanos, por exemplo, quando um cantor regrava uma música já conhecida e acelera um trecho, para poder desacelerar depois. É a variação da velocidade, também vista na comunicação das cachalotes. Além disso, elas também modificam codas padrões com os ornamentos, que é quando adicionam um novo estalo no final de uma coda já conhecida.

A equipe de pesquisadores estadunidenses defendeu que estes detalhes não são casuais ou meras coincidências, já que as variações foram observados em contextos específicos. Elas são mais comuns, por exemplo, quando duas baleias estão interagindo e uma delas tende a imitar as mudanças nas codas do parceiro, como se estivessem realizando um dueto.

Publicidade

Estas implicações são importantes, de acordo com os cientistas, porque apresentam a capacidade combinatória que existe dentro dos chamados das cachalotes. É um processo parecido com os cerca de 30 sons que existem na língua portuguesa que são capazes de produzir milhares de palavres e infinitas frases.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

Publicidade

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.