Em conferência do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, com foco nas eleições de 2024, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidente da sigla, Gleisi Hoffman, discordaram sobre o projeto de déficit zero prometido pelo Governo.
Hoffman questionou a medida, sugerindo sua flexibilização, e afirmou que, mesmo com o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas indicando quase 2% de déficit no PIB, os investimentos estrangeiros, graças às políticas cambiais de Lula, aumentaram.
Em menos de um ano de governo Lula saímos da 12ª economia mundial para a 9ª. Ainda há muito o que fazer.
O crescimento econômico sustentável com justiça social é o caminho para um país com mais oportunidades para todos. #ConferenciaEleitoralPT
📷 Diogo Zacarias pic.twitter.com/q8jChjH6TC— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) December 9, 2023
“Não é verdade que déficit faz crescer. De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia. Depende, dependendo da situação econômica você tem que ampliar os investimentos”, rebateu o ministro.
O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do quinto bimestre estimou um rombo de R$ 177, 4 bilhões, equivalente a 1,7% do PIB, comparado com 1,4% registrado no documento anterior, divulgado em setembro. Mesmo com a promessa da Fazenda no começo do ano de déficit de apenas 1%, ou R$ 100 bilhões, a meta do Governo Central para o fim do ano é mais que o dobro, R$ 213, 6 bilhões.
“Por que vamos nos impor um autolimite quando não precisamos disso? Vamos sair de um déficit de quase 2% para um déficit zero, temos de colocar isso”, explicou a presidente do PT, apontando que, embora a política monetária esteja fora do alcance do Governo, a política fiscal não.
Os dois, no final, concordaram m discordar. “A gente tem divergências e é normal a gente expor nossa visão e nossa forma de ver. Acho que o ministro Fernando Haddad está fazendo o papel dele com ministro da Fazenda, ele tem a visão dele e nós temos uma visão um tanto quanto divergente, que foi exposta de maneira muito tranquila e respeito”, disse Gleisi.
A divergência ocorreu um dia após o PT divulgar um documento no qual julga desnecessário um aperto fiscal exercido pelo Banco Central. “O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”.