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Quem é o ex-CEO da Americanas que está foragido?

Miguel Gutierrez passou quase 20 anos na presidência da empresa; seu nome está na lista de mais procurados do mundo da Interpol

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Ex-CEO das Lojas Americanas está na lista da Interpol – Créditos: Reprodução

A Polícia Federal (PF) realizou nesta quinta-feira (27) a Operação Disclosure, voltada para a investigação de fraude contábil nas Lojas Americanas. A diretora Anna Christina Ramos Saicali e o ex-CEO Miguel Gutierrez já são considerados foragidos e estão na lista da Interpol.

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Quem é Miguel Gutierrez?

O executivo nasceu em 1961 no Brasil, mas tem cidadania dupla na Espanha. É formado em engenharia mecânica e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

No decorrer de três décadas de trabalho, o empresário foi ocupando cargos cada vez mais altos na área de operação e logística. O presidente da empresa era seu mentor e, eventualmente, lhe passou o bastão. Assim, Sicupira, Lemann e Telles compraram a empresa.

Gutierrez era um presidente discreto, que priorizava o corte de custos. Ele seguia a estratégia dos acionistas: comprava empresas concorrentes e aumentava o lucro através do ganho de escala.

Com o passar do tempo, ele conquistou a confiança dos donos da marca. Enquanto passavam tempo fora do Brasil e focavam em outros investimentos, Gutierrez  entrava em um terreno ‘sem supervisão’. Porém, no final de 2022, deixou a presidência por pedido do conselho da Americanas.

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O candidato que assumiu seu cargo, Sergio Rial, não era da sua equipe. O empresário havia feito carreira no banco Santander, e se demitiu do cargo depois de somente dez dias. Rial anunciou ao público “inconsistências contábeis” originalmente estimadas em R$ 20 bilhões.

O escândalo da Americanas

A investigação da PF, provocada pela denúncia de Rial, detectou uma maquiagem de números em operação de risco sacado e verba de propaganda cooperada (VPC). Ou seja, repartição de dívidas com fornecedores para bancos, fundos ou outras instituições financeiras e, ao mesmo tempo, o registro de benefícios fiscais que nunca aconteceram.
Em outras palavras, os executivos alteravam números contábeis porque recebiam bônus milionários por desempenho. Também lucravam com a venda de ações infladas no mercado financeiro. Conforme a própria rede, a dívida beirava R$43 bilhões.

A PF identificou diversos crimes – manipulação de mercado, associação criminosa, lavagem de dinheiro e uso de informação privilegiada. Se forem condenados, Gutiarrez e Saicalis poderão ter até 26 anos de prisão.

O que dizem as defesas?

Na época do vazamento do escândalo, o trio de donos da Americanas publicou um comunicado dizendo que “nunca teve qualquer conhecimento e nunca teria tolerado quaisquer manobras ou truques contábeis na empresa. A nossa atuação ao longo de décadas sempre foi de rigor ético e legal.”

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Similarmente, Gutierrez negou qualquer irregularidade. O carioca se mudou para a Espanha no ano em que o escândalo da varejista veio à tona, e não respondia repórteres que vinham até sua casa. Em um e-mail enviado à Bloomberg, seus advogados “negaram veementemente” sua suposta participação em atividades ilícitas durante sua estadia na Americanas. Eles ainda alegaram que os executivos atuais estão utilizando documentos fora de contexto para tentar construir uma narrativa enganosa com o objetivo de proteger o conselho de administração e os principais acionistas.

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