TALENTOSO

Além de guitarrista de Roger Waters e produtor, Jonathan Wilson também faz músicas solo

Em setembro de 2023, ele lançou o quinto disco de estúdio, intitulado Eat the Worm, o qual passou por um processo criativo diferente pelo isolamento por conta da pandemia de coronavírus

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(Crédito: Getty Images)

Correria pode ser uma palavra que exemplifica bastante a carreira de Jonathan Wilson. A rotina do artista de 48 anos é bastante ocupada com cargo de produtor, com o qual trabalhou com nomes como Father John Misty, Margo Price, Billy Strings, entre outros. Além disso, ele é um cantor solo e guitarrista de Roger Waters nos shows ao vivo.

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Em 8 de setembro de 2023, Wilson lançou o quinto disco de estúdio, intitulado Eat the Worm, com faixas como “Marzipan,” “Ol’ Father Time,” “Charlie Parker” e “Hey Love,” sobre o qual falou durante entrevista à Rolling Stone Brasil.

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Segundo o artista, o processo criativo foi bastante divertido. Isolado por conta da pandemia de coronavírus, toda jornada para o álbum foi divertida. “Eu queria trazer algo fresco e novo, e algo diferente que ainda não tivesse trazido,” explicou.

Essa paralisação na indústria da música, na qual os artistas espalhados pelo mundo foram impedidos a realizar shows e tinham o estúdio e transmissões ao vivo como escapatória para manter o ganha-pão. Com esse pensamento, Jonathan Wilson aproveitou para focar nas músicas, composições e produção.

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Ao longo de toda discografia solo, o produtor e cantor fez poucas colaborações com outros artistas, também conhecidas como feats. Isso não acontece em Eat the Worm: a tracklist conta apenas com a participação de Jonathan Wilson, sem outros cantores.

“Desta vez não foi sobre isso. Não era sobre amigos e família. Desta vez, era sobre mim. Era sobre minhas músicas, meus pensamentos, minhas visões,” afirmou. “No entanto, isso não é sobre mim de uma forma agressiva. Mas sobre mim no que diz respeito a um pensamento singular, ser mais poderoso do que uma colaboração diluída. Portanto, tratava-se de concentração, não de colaboração.”

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“Foi mais difícil trabalhar com todas essas outras pessoas. Acho que quando chegou a hora de trabalhar nas minhas próprias coisas, eu pensei: ‘Sabe, este é o momento em que não quero ter uma banda, não quero gente no estúdio, não quero um engenheiro de som. Basicamente, foi o mesmo processo que usei quando era adolescente, que era só eu e todo aquele monte de equipamento.”

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Turnê de Roger Waters e Brasil

Nos próximos dias, Roger Waters desembarcará no Brasil com a turnê This Is Not a Drill, que conta com participação de Jonathan Wilson como guitarrista. Vale lembrar como essa não foi a primeira vez do produtor no país: ele veio em 2018 com a tour US + THEM.

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“É fantástico aí. Os [brasileiros são os] melhores fãs de todos os tempos, sabe? Tão engraçado. Estive lá em 2018. E agora voltarei. Voo para Brasília no dia 17 deste mês, o que será ótimo. Sou extremamente um grande fã do país e do povo. Então, sim, estou animado,” comentou.

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Mesmo com uma ótima relação com o Brasil, Wilson não fica completamente nervoso com a multidão apaixonada do país: “Definitivamente, há alguns nervos envolvidos. Quando você começa o show, você fica tipo: ‘Caramba, olhe para todas essas pessoas’. Mas fica divertido. E basicamente volta para a coisa musical, que é o que venho fazendo desde a adolescência.”

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A paixão pela produção musical

De volta à carreira solo de Wilson, ele começou a experimentar formas de criar uma música desde a adolescência, quando tinha um Tascam de quatro faixas e ficou impressionado em como conseguia sobrepor voz, guitarra e baixo, por exemplo.

“Comecei quando tinha 13 anos e agora aqui estou, 30 anos depois disso basicamente. E tem sido a mesma coisa. Não houve faculdade, nem escola, nem casamento, nem paternidade. Agora vou ser cineasta, nada disso tem sido a mesma coisa todos os dias.”

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Para os próximos passos, especialmente da carreira como cantor e compositor solo, Jonathan Wilson quer fazer ainda mais estranho, esquisito e cada vez mais desafiador. “Nada chato e as músicas que todos nós já ouvimos umas 80 mil vezes ou alguma coisa pop,” disse. “Algo que sucumbe a um som moderno, ou algo que seja mais parecido com o som monótono do futuro, ou algo parecido, é algo que definitivamente não é o objetivo.”

“Explorar e fazer algo novo, estranho e esquisito, e definitivamente algo lindo. É basicamente o mesmo objetivo, então talvez aconteça em 2025. Talvez não. Então, quem sabe?”


Leia a entrevista com Jonathan Wilson na íntegra abaixo

Como foi o processo criativo de Eat the Worm? Que tipo de mensagem você queria trazer com esse disco?
O processo criativo foi divertido. Foi divertido cara, foi uma jornada divertida para mim. E eu queria trazer algo fresco e novo, e algo diferente que ainda não tivesse trazido.

Ele é seu primeiro disco no período pós-pandêmico. Como esse tempo de interrupção na indústria da música impactou Eat the Worm e você como artista?
Sim, bem, foi meio poderoso, porque de certa forma nivelou o campo de jogo. Então eu pensei: ‘Oh, me***, tipo agora, é mais sobre o que você realmente faz no estúdio, então o hype e a experiência do show, e a produção de um show ao vivo estava fora de questão para todos’. Então foi mais sobre as músicas, as composições e a produção.

Toda sua discografia solo conta com poucos feats com outros artistas, mas Eat the Worm é apenas você, sem outro artista convidado. Qual sua relação com isso? É uma escolha ou acontece naturalmente?
Tipo, não desta vez. Desta vez não foi sobre isso. Não era sobre amigos e família. Desta vez, era sobre mim. Era sobre minhas músicas, meus pensamentos, minhas visões… não era sobre amigos e família. No entanto, isso não é sobre mim de uma forma agressiva. Mas sobre mim no que diz respeito a um pensamento singular, ser mais poderoso do que uma colaboração diluída. Portanto, tratava-se de concentração, não de colaboração.

Acho que foi apenas uma questão de tempo, e também foi [uma época] pós-pandemia. Então teve todo esse tempo para inventar coisas e para… todas as colaborações foram um pouco trabalhosas no que diz respeito a onde estava. Houve um vírus e testes, você entende o que quero dizer?

Foi mais difícil trabalhar com todas essas outras pessoas. Acho que quando chegou a hora de trabalhar nas minhas próprias coisas, eu pensei: ‘Sabe, este é o momento em que não quero ter uma banda, não quero gente no estúdio, não quero um engenheiro de som. Basicamente, foi o mesmo processo que usei quando era adolescente, que era só eu e todo aquele monte de equipamento.

Teve algum obstáculo trabalhando sozinho?
É divertido trabalhar assim, especialmente agora que posso controlar todo o meu estúdio pelo telefone. Assim posso iniciar e parar o Pro Tools, sabe? O que é ótimo, porque não tem ninguém lá. Não há engenheiro, não há baterista, não há baixista, não há tecladista, não há fotógrafo… não há ninguém lá. Assim, você pode alcançar uma concentração mais profunda.

Como funciona sua agenda solo? Você faz shows? Como é essa parte?
Não tanto nos shows ao vivo, é mais sobre o processo. Mais ou menos como o processo do álbum, que geralmente é das 18h às 6h, ou algo parecido. É um processo longo e pessoal que durou muitos, muitos dias, mas felizmente tenho um estúdio, então posso experimentar lá – e de graça, o que é uma grande coisa, porque é dia após dia, após dia, após dia de ‘qual música é a próxima? E como nós podemos transformar isso em algo?’ Eu digo ‘nós’, mas quero dizer ‘eu’.

Como você divide seu tempo como cantor solo, produtor e guitarrista do Roger Waters? Dá para descansar?
Às vezes, sim. Mas é mais difícil de fazer. Enquanto há tanto para fazer. Essa é a hora que eu descanso, na porra da grande turnê, quer dizer, e estou no quarto do hotel, como vocês podem ver, esse não é o meu quarto, é como um quarto de hotel chique. E esse é o horário que posso dormir às 10h34.

Você sabe, enquanto estou em casa, fico acordado até 5h ou 6h para tentar fazer a parada, porque tenho um trabalho diurno como produtor. Eu tenho uma banda inteira e um álbum inteiro e um orçamento e pessoas preocupadas com as mixagens e o álbum, e faço isso como meu trabalho diário. E quando termina, agora, de repente estou no meu próprio caminho.

Então preciso sacrificar basicamente as horas de sono. Isso vai de oito a cinco horas – ou algo parecido.

Falando nisso, você virá para o Brasil com a This is Not a Drill neste mês. Quais são suas expectativas? Você fica nervoso ao vir para cá?
É fantástico aí. Os [brasileiros são os] melhores fãs de todos os tempos, sabe? Tão engraçado. Estive lá em 2018. E agora voltarei. Voo para Brasília no dia 17 deste mês, o que será ótimo. Sou extremamente um grande fã do país e do povo. Então, sim, estou animado.

Se você sair na frente de uma multidão enorme como essa – acho que quando chegarmos a Brasília e voltarmos ao Rio é uma multidão enorme, cerca de 60 mil pessoas ou algo assim. Definitivamente, há alguns nervos envolvidos. Quando você começa o show, você fica tipo: ‘Caramba, olhe para todas essas pessoas’. Mas então fica divertido. E basicamente volta para a coisa musical, que é o que venho fazendo desde a adolescência.

Quais músicas você mais gosta de tocar ao vivo? Tanto música sua quanto do Roger Waters.
Eu meio que gosto de tudo isso. Acho que mais ou menos no lugar em que estou agora, ou quando uma música começa, se for minha, se for uma música do Roger, se for uma música do Pink Floyd, é tudo a mesma coisa. Você sabe, é basicamente você dar o melhor que pode para cada música.

Já sua vida como produtor musical: como você descobriu esse lado da música? Como está sendo trabalhar nisso atualmente?
Isso foi definitivamente algo que descobri há muito tempo, mais ou menos quando era adolescente. E meio que começou com um Tascam de quatro faixas. Então, essa coisinha minúscula que você poderia basicamente me fazer overdub, e então eu poderia tocar baixo e guitarra, e eu poderia cantar de novo e cantar de novo e cantar uma terceira faixa e uma quarta faixa. E eu disse: ‘Puta me***’.

Então esse tipo de começo, que foi como uma música de quatro faixas, há muito, muito tempo atrás. Meio que se expandiu a partir daí e outras coisas. Eu sinto que com certas pessoas é exatamente o que você costumava fazer desde tenra idade ou algo parecido.

Comecei quando tinha 13 anos e agora aqui estou, 30 anos depois disso basicamente. E tem sido a mesma coisa. Não houve faculdade, nem escola, nem casamento, nem paternidade. Agora vou ser cineasta, nada disso tem sido a mesma coisa todos os dias. Blá blá blá.

O que podemos esperar do futuro de Jonathan Wilson? Como será esse lance de cineasta?
Eu basicamente gostaria de fazer deste álbum que fiz da próxima vez algo ainda maior e melhor, mais estranho e mais esquisito, e cada vez mais desafiador. Nada chato e as músicas que todos nós já ouvimos umas 80 mil vezes ou alguma coisa pop. Algo que sucumbe a um som moderno, ou algo que seja mais parecido com o som monótono do futuro, ou algo parecido. Isso é algo que definitivamente não é o objetivo.

Explorar e fazer algo novo, estranho e esquisito, e definitivamente algo lindo. É basicamente o mesmo objetivo, então talvez aconteça em 2025. Talvez não. Então, quem sabe?

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