Não é mais exagero afirmar que os brasileiros têm uma paixão por desenhos japoneses. Esse amor antigo se consolidou nos anos 1990, impulsionado pelo sucesso de séries como “Cavaleiros do Zodíaco“, que marcou o início de um boom dos animes no Brasil. A facilidade de acesso e a popularização dessas produções contribuíram para que o país se tornasse o terceiro maior mercado de animes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.
O sucesso na TV abriu portas para os mangás, quadrinhos japoneses, e durante a pandemia de Covid-19, a indústria de animes se destacou, com uma demanda global crescente, especialmente entre os jovens. No auge do isolamento em 2020, quando as bilheterias nos Estados Unidos despencaram 80% no ano e o mercado cinematográfico no Japão caiu 45%, a indústria de anime sofreu apenas uma contração de 3,5%, com um valor de mercado de aproximadamente US$ 21,3 bilhões.
Rogério de Campos, em entrevista ao G1 em 2008, explicou que: “a nossa maior dificuldade não foi com o público, mas com os integrantes do mercado dos quadrinhos no Brasil: dos distribuidores aos jornalistas (inclusive os especializados em quadrinhos), todos viram a chegada dos mangás como algo menor, sem grande importância. É claro que o sucesso estrondoso de ‘Dragon Ball‘, ‘Cavaleiros do Zodíaco’, ‘Evangelion‘ e ‘Vagabond‘ mudou tudo isso”. Na época, Campos era diretor editorial da Conrad Editora, uma das primeiras a lançar mangás no Brasil.
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Com o aumento do tempo de tela, especialmente entre os jovens, a demanda global pelo gênero disparou. De acordo com a consultoria Parrot Analytics, a busca por conteúdos de anime cresceu 118% em todo o mundo entre 2020 e 2021.
Crescimento do mercado de animes
Em 2021, a Sony Pictures adquiriu a Crunchyroll da AT&T por US$ 1,2 bilhão, fundindo-a com o Funimation para criar a maior plataforma de streaming especializada em animes. A empresa está focada em redefinir a percepção dos desenhos japoneses, afastando-se da imagem infantil e dos estereótipos associados aos fãs de animes e mangás.
“Com o crescimento da demanda global, streamings – como o nosso – compartilham com os estúdios informações sobre o desempenho dos títulos. Assim, eles entendem melhor os tipos de história mais buscados em cada território. Isso tem gerado projetos bem interessantes”, diz Gita Rebbapragada, da Crunchyroll, em entrevista ao G1.
quem diria que eu ia ficar viciado em um anime de culinária que se passa numa dungeon
— luffy vascaíno ✠ ☭ (@heroiromantico) May 3, 2024
Para expandir sua base de espectadores globalmente, estão diversificando as narrativas, indo além dos tradicionais shounens como “Dragon Ball” e “Naruto”, explorando temas como política, romance, música, esportes e até mesmo investigações policiais.
* Sob supervisão de Lilian Coelho
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