No ano de 1838, no Condado de Crawford, nascia Bass, nome que recebeu em homenagem ao seu avô, Bass Washington. Em 1846, aos oito anos, ele e sua família foram escravizados pelo legislador do Arkansas, William Steele Reeves. Bass acabou sendo mantido em cativeiro pelo filho de William, George R. Reeves, um xerife, legislador e ex-presidente da Câmara dos Representantes do Texas à época.
Em 1861, no começo da Guerra Civil Americana, George uniu-se ao Exército Confederado, e Bass foi forçado a acompanhá-lo. Segundo a família de Bass, em algum momento entre 1861 e 1862, durante a Guerra Civil Americana, ele atacou severamente George depois de uma discussão ao jogarem uma partida de cartas. Após o ocorrido, Bass conseguiu fugir para um território indígena, no que hoje seriam Arkansas e Oklahoma, e acabou por adotar o sobrenome de seu senhor, sendo agora chamado de Bass Reeves.
De escravo à delegado
Vivendo entre os nativos das tribos Creek, Seminole e Cherokee, Bass aprendeu seus idiomas e costumes e aperfeiçoou suas habilidades no combate com armas de fogo, além de técnicas de sobrevivência como rastreamento – o que seria muito importante posteriormente para tornar-se delegado.
Em decorrência da Décima Terceira Emenda, assinada pelo então presidente Abraham Lincoln, Bass foi libertado dos grilhões escravistas, e optou por deixar a sua vida junto aos nativos para comprar terras próximas à Van Buren, no Arkansas, tornando-se um agricultor. Vivendo finalmente, como um homem livre, Bass casou-se com uma mulher chamada Nellie Jennie, e juntos tiveram 10 filhos, sendo cinco meninos e cinco meninas. Ele viveu a sua vida cultivando o que a terra lhe dava até o ano de 1875, quando precisou largar a enxada após ser designado vice-marechal dos Estados Unidos para o Distrito Oeste do Arkansas pelo marechal dos EUA James F. Fagan.
Fagan havia sido recém nomeado ao cargo pelo juiz federal Isaac Parker, popularmente como o “Juiz da Forca” devido ao seu alto número de sentenciados à morte por enforcamento. Parker, que estava bastante preocupado com os crimes causados por ladrões e assassinos na região, solicitou à Fagan que contratasse 200 vice-marechais – dentre eles, um dos recrutados foi Bass Reeves por conta da sua habilidade e falar o idioma dos nativos e das suas habilidades com armas de fogo.
O mais temido do Velho Oeste
Trabalhando durante 32 anos como oficial de paz federal no território indígena, Reeves tornou-se um dos deputados mais valiosos de Parker, isso após trazer alguns dos mais perigosos fugitivos à justiça. Um exímio atirador, ele ainda desenvolveu habilidades de detetive durante a sua carreira. Devido à sua alta reputação e inteligência, muitos criminosos chegaram a se entregar para as autoridades ao saberem que estavam sendo perseguidos por Reeves.
Para a sua tristeza, Reeves precisou realizar a prisão do seu próprio filho, Benjamin “Beenie” Reeves, acusado do assassinato de sua própria esposa. Reeves, mesmo abalado com a situação, jamais hesitou em levar o filho à justiça, sendo o mesmo posteriormente capturado, julgado e condenado a 11 anos de prisão. Ao sair da cadeia, Benjamin teria encontrado a sua redenção, vivendo o resto de seus dias como um cidadão exemplar.
Após o falecimento da sua esposa, Nellie Jennie, em 1896, Reeves se casou com Winnie Sumter, com quem teve uma filha chamada Alice.
Em 1907, após se aposentar do cargo de delegado e Oklahoma se tornar um estado, Reeves assumiu como policial municipal em Muskogee. Ele veio a falecer em decorrência da doença de Bright, em 12 de janeiro de 1910.
Uma possível inspiração para o personagem fictício Django, do filme “Django Livre”, do diretor Quentin Tarantino, Reeves acumulou mais de 3.000 prisões de foras-da-lei, além de matar 14 deles para se defender. “Talvez a lei não seja perfeita, mas é a única que temos. E sem ela, não temos nada.”, dizia Reeves.
Para os interessados na história de Bass Reeves, a Paramount+ está desenvolvendo uma série de TV sobre a vida do delegado, e você pode conferir o trailer logo abaixo: