O exorcismo existe na Igreja Católica?

O ritual divide opiniões dentro da instituição religiosa. Mas, em 2018, o Vaticano chegou a criar um curso a fim de ensinar padres a identificarem as possessões demoníacas e aprenderem como resolvê-las

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(Crédito: Divulgação/ Universal Pictures)

Na última quinta-feira, 12, foi lançado no Brasil o aguardado filme O Exorcista – O Devoto, continuação da clássica produção de terror de 1973, que marcou gerações ao contar a história de uma menina que era possuída por demônios e a luta de sua família para tentar salvá-la.

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O ritual místico do exorcismo, que é um acontecimento central do enredo, é realizado por dois padres. A prática, por sua vez, seria capaz de expulsar os espíritos malignos que passaram a controlar seu corpo.

Na vida real, também existem histórias sobre pessoas que afirmam ter sido exorcizadas após uma possessão demoníaca, e até mesmo vídeos que supostamente mostram esses rituais sendo realizados por líderes religiosos.

Mas, qual o posicionamento da Igreja Católica a respeito desta prática de teor sobrenatural que já foi tão explorada por filmes de terror hollywoodianos?

Alvo de controvérsias 

O exorcismo divide opiniões dentro da instituição religiosa. Por um lado, vale destacar, existem eclesiásticos com permissão da Igreja de realizarem esses rituais. Em 2018, o Vaticano chegou a criar um curso de exorcismo a fim de ensinar padres a identificarem as possessões demoníacas e aprenderem como resolvê-las.

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“[O ritual] não é uma coisa absurda dentro da Igreja Católica”, explicou Edin Abumanssur, professor de Ciência e Religião na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP) em entrevista de 2022 ao G1.

Por outro lado, nem todas as sessões da Igreja concordam que exorcismos deveriam ser praticados, em parte por conta de interpretações diferentes a respeito do fenômeno da possessão.

“É um tabu em um meio mais intelectualizado, segmentos mais afluentes, que dão outra interpretação”, acrescentou Abumanssur ao veículo.

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Cena de “O Exorcista – O Devoto” / Crédito: Divulgação/ Universal Pictures 

Diretrizes

Para que um padre conduza um exorcismo, ele deve seguir normas. Além de precisar contar com uma autorização escrita do Vaticano para realizar a prática, ele deve prezar pela discrição: o ideal é que apenas membros próximos da família da vítima estejam presentes no momento do ritual.

A presença de outros indivíduos no local, todavia, é importante, ainda que eles sejam poucos. “Nenhum serviço de exorcismo e libertação deve ser realizado a portas fechadas e sem a presença de responsáveis ​​pelos ‘possuídos'”, orienta, por exemplo, o portal Claretian Missionaries.

Antes que o ato seja iniciado, também é necessário eliminar a possibilidade de que a pessoa não sofra, na realidade, com transtornos psiquiátricos, e não com uma pertubação de origem demoníaca.

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Esse ponto, em específico, já foi mencionado pelo papa Francisco em 2017. Na ocasião, o pontífice disse que o exorcista deveria saber discernir entre “transtornos espirituais reais” e transtornos “de porte psicológico” que pudessem ser confundidos com casos de possessão, conforme repercutiu o The Guardian.

Neste segundo cenário, em que os sintomas identificados teriam origem psiquiátrica, ele aconselhou uma “colaboração sadia com as humanidades”. 

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