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Atleta paralímpica brasileira faz história nos Jogos Pan-Americanos; Entenda

Bruna Alexandre disputa o torneio por equipes do tênis de mesa e mira chegar aos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024

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(Crédito: Divulgação/ Ministério do Esporte)

“Eu gosto que me chamem e me tratem de Bruna Alexandre mesmo”. É assim que a primeira atleta paralímpica na história a disputar os Jogos Pan-Americanos gosta de ser tratada, com a autoridade de quem atribui a existência de limitações ao olhar de quem as cria. Aos 28 anos, a mesa-tenista ostenta vários títulos internacionais, incluindo o de atual medalha de prata na Paralimpíada de Tóquio 2020.

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A mesa-tenista conta com o Bolsa Atleta desde 2010, hoje na categoria Pódio, utiliza o recurso no pagamento de técnicos particulares para treinar nos finais de semana e absorver visões diferenciadas de jogo, além de viajar para participar de campeonatos internacionais, entre outros.

“Agora estou jogando dobrando no paralímpico e olímpico e o Bolsa Pódio ajuda muito, não só eu, como todos os atletas. Quem quiser evoluir, precisa fazer sempre algo a mais e isso precisa deste investimento”.

Bruna também conta com toda a estrutura do Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, que cede sparrings para treino, além de dez outros cedidos pela Confederações Brasileira de Tênis de Mesa.

Primeiro Pan

Como quem sempre sonhou em disputar os Jogos Pan-Americanos, Bruna Alexandre revelou o que é estar dentro do sonho. “Hoje eu estou aqui realizando isso e o dia terminou bem positivo: consegui ajudar a equipe! A gente está com um grupo muito forte, com a Bruna e a Giullia Takahashi, e tô feliz de jogar de igual pra igual com as meninas”, avaliou Bruna, após a dupla brasileira vencer a da Colômbia por 3 x 1 e a do Chile por 3 x 0 na quinta (02), sob muita pressão e torcida contra. O torneio segue até domingo (05).

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Bruna entrou no tênis de mesa paralímpico aos 13 anos e agora precisou se adaptar. O desafio de jogar o tênis de mesa olímpico a obriga a trabalhar no caminho inverso e revela como é essa readaptação a partir dos treinos, agora diários, sob a orientação do técnico da seleção paralimpica do Brasil, Paulo Molitor, na estrutura do Centro Paralímpico, gerido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

“Eu preciso virar a chave toda hora. O jogo paralímpico é mais ‘mutreta’.  É um jogo onde a bola vem mais ‘torta’, porque o oponente tem um equilíbrio diferenciado, então a bola sempre vai vir diferente. No olímpico, o jogo é muito rápido, porque o equilíbrio das jogadoras é outro e as meninas sempre já me colocam pra mexer”, explicou Bruna.

Se as adversárias tentam forçar a movimentação de Bruna para desgastá-la durante uma partida, Bruna também surpreende as adversárias exatamente pela imprevisibilidade dos seus movimentos corporais diferenciados, que fogem ao padrão da leitura de jogo de qualquer adversário que não tem o hábito de enfrentá-la. O poder das bolas ‘tortas’ do tênis de mesa paralimpico é potencializado pela tática que ela vem utilizando neste processo de construção de um estilo que jogo.

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“Os técnicos dizem que veem muita diferença no meu estilo de jogo. Ele não é tão rápido, é mais de habilidade e esperteza, conseguindo me antecipar às bolas e compensar a questão do meu equilíbrio”, contou Bruna, que joga para tirar a velocidade da bola, ao mesmo tempo em que treina para aprimorar a velocidade das suas respostas em bolas lisas mais rápidas nas pontas. O resultado: sua experiência no jogo olímpico está aprimorando o paralímpico e vice-versa.

E isso tem se refletido na prática. No último mês de setembro, no Campeonato Pan-Americano de Tênis de Mesa, em Havana, Cuba, torneio que classificou a equipe brasileira para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, ela venceu jogadoras experientes, como a cubano-mexicana Yadira Silva, que já participou de três Olimpíadas (Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016). “Também joguei de igual pra igual com as meninas dos Estados Unidos, da China, então estou conseguindo me adaptar cada vez mais”, disse a atleta, que não vê a hora de estrear na Olimpíada.

Tudo isso porque um dia, em Criciúma (SC), quando tinha sete anos, Bruna foi chamar o irmão, que jogava tênis de mesa no centro comunitário ao lado de sua casa. Foi quando ela recebeu o convite do técnico Alexandre Ghizi para treinar o tênis de mesa na escolinha. Depois da dificuldade inicial de sacar com apenas um braço, hoje não é qualquer mortal que consegue devolver a bola diante da rapidez incomum do seu movimento.

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“Demorei uns dois anos, mas hoje meu saque é um dos pontos mais fortes do meu jogo”, revelou Bruna, provando que o caminho para adquirir um superpoder parte da oportunidade e se trilha com muito treino.

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