HISTÓRICO

Jesse Owens: o atleta que desafiou o nazismo e o racismo pelo esporte

Neto de escravos, ele nasceu na cidade de Danville, no Alabama, no dia 12 de dezembro de 1913, mas se mudou para Cleveland, Ohio

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(Crédito: Getty Images)

O esporte desperta paixões dentro das pessoas, que as fazem enfrentar qualquer obstáculo para poder alcançar os seus sonhos. James Cleveland Owens, mais conhecido como Jesse Owens, foi além nisso. O atleta que desafiou o nazismo alemão e o racismo norte-americano, se tornou o primeiro a ganhar quatro ouros em uma Olimpíada.

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Mas quem é Jesse Owens?

Filho de um pobre agricultor negro, Jesse foi um dos mais novos entre dez irmãos. Neto de escravos, o atleta nasceu na cidade de Danville, no Alabama, no dia 12 de dezembro de 1913, mas se mudou para Cleveland, Ohio. Cresceu na dura rotina dos campos de algodão e trabalhava como engraxate enquanto estudava.

Foi descoberto no ensino médio pelo seu primeiro treinador, Charles Riley, na Fairmouth High School. Já em 1930, começou a se dedicar exclusivamente ao atletismo, disputando as seletivas para as Olimpíadas de Los Angeles, mas não se classificou em nada. Foi em 1933 que tudo aconteceu, quando venceu 75 das 79 provas que disputou, batendo o recorde das 100 jardas, com o tempo de 9s40. Como se saiu bem, recebeu propostas de bolsas de estudo e foi para a Ohio State University.

Porém, começou a construir sua fama de homem mais veloz em Michigan, quando participou de um torneio universitário no dia 25 de maio de 1935. Na ocasião, em 45 minutos quebrou quatro recordes mundiais: 100 jardas (91,44 m), com 9s4; salto em distância, com 8,13 m (marca que só foi superada no ano de 1960); 220 jardas com obstáculos, com 22s6; e o revezamento 4x100m. Porém, a fama mundial veio quando frustrou os planos de Adolf Hitler, nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936.

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Diante de 110 mil pessoas, o atleta conquistou quatro medalhas de ouro, todas quebrando recordes mundiais: nos 100m, com 10s3; nos 200m, com 20s7; no salto em distância, com 8,06; e no revezamento 4×100 m, com 39s8. Deixando de lado qualquer polêmica com Hitler, Owens afirmou que correspondeu ao seu aceno durante a comemoração de uma das provas que venceu.

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Sendo o grande destaque da competição, provou que qualquer teoria de superioridade ariana imposta na época pelos nazistas era falsa. Porém, não conseguiu o mesmo reconhecimento do governo de seu próprio país.

Sempre evitando críticas à Alemanha, a visita ao país para ver um estádio majoritariamente branco aplaudi-lo não foi o suficiente para os Estados Unidos. O presidente da época, Franklin D. Roosevelt, mostrou que o governo ainda se prendia às amarras racistas ao não parabenizar Owens e nem reconhecer seus feitos publicamente.

Jesse Owens foi um nome tão grande no atletismo, que o último de seus recordes só foi quebrado em 1975. Em 1972, porém, viu Mark Spitz levar sete ouros nas Olimpíadas de Munique.

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Estou orgulhoso de ter participado no processo histórico, mas só posso expressar minha admiração pelos atletas que surgem atualmente”, afirmou à época.

Quando voltou aos Estados Unidos, foi ovacionado pela cidade de Nova York. Depois que saiu das competições, acabou fazendo de tudo um pouco. Atuou com educação de crianças, integrou ações do Departamento de Estado e, em 1968, foi chamado para mediar um conflito entre atletas negros e o governo. Porém, não desfrutou de ganhos financeiros que condiziam com seus feitos.

Owens sempre correu para apostas contra trens, motos e animais, como uma forma de arrecadar dinheiro. O ex-atleta até mesmo deu uma de suas medalhas de Berlim a um amigo, o ator Bill Bojangles Robinson, em agradecimento pela ajuda do colega em lhe conseguir um emprego na indústria cinematográfica.

Com 66 anos, no dia 31 de março de 1980, Jesse Owens morreu na cidade de Tucson, no Arizona, após uma longa batalha contra uma infecção pulmonar e um câncer. Porém, mesmo mais de 40 anos depois, seu legado continua vivo nos atletas negros que surgem e conquistam cada vez mais seu espaço, mesmo diante de tanto preconceito. JC, como era apelidado, sempre será uma representação da luta contra o racismo com o esporte.


* Texto originalmente publicado no SportBuzz.

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