
Nesta segunda-feira (9), Dickson Ndiema Marangach, suspeito de matar a atleta ugandense Rebecca Cheptegei, faleceu devido às queimaduras sofridas durante o ataque. A notícia foi confirmada pelo Hospital de Ensino e Referência Moi, no oeste do Quênia, onde a maratonista também foi atendida após o incidente.
Rebecca Cheptegei, de 33 anos, sofreu queimaduras em mais de 75% do corpo durante o ataque do dia 1º de setembro e faleceu quatro dias depois. O porta-voz do hospital, Daniel Lang’at, confirmou à Reuters a morte de Ndiema Marangach. A mídia local relatou que ele sofreu queimaduras de 30% ao agredir a corredora.
Violência doméstica no Quênia
A morte de Cheptegei trouxe novamente à tona a preocupante questão da violência doméstica no Quênia, especialmente dentro da comunidade de corredores de elite. A situação é agravada pelo fato de que muitos atletas femininos treinam em terras altas e recebem prêmios em dinheiro que podem atrair atenção indesejada e perigosa.
De acordo com dados governamentais de 2022, cerca de 34% das meninas e mulheres quenianas com idades entre 15 e 49 anos já sofreram violência física. Entre as mulheres casadas, 41% enfrentaram algum tipo de agressão. Estes dados reveladores destacam a gravidade do problema.
Como a morte da maratonista impactou a comunidade atlética?
Viola Cheptoo, cofundadora do grupo de apoio Tirop’s Angels, enfatizou que a esperança era ver Ndiema Marangach enfrentando suas ações na prisão, em vez de sua morte ser encarada como uma forma de justiça. O trauma da morte de Rebecca Cheptegei ainda é um choque para muitos na comunidade atlética.
Cheptoo cofundou o Tirop’s Angels em memória de Agnes Tirop, outra corredora queniana de destaque, que foi assassinada em outubro de 2021. O caso de Tirop, que foi esfaqueada no pescoço, enfatizou ainda mais a necessidade de proteção e apoio às atletas femininas no país.
Qual é a realidade das mulheres atletas no Quênia?
Segundo grupos de direitos humanos, as atletas femininas no país enfrentam alto risco de exploração e violência. Isso ocorre principalmente porque os prêmios em dinheiro que elas ganham são significativamente mais altos do que a média da renda local, atraindo assim homens com intenções maliciosas.
Os grupos de apoio, como o Tirop’s Angels, trabalham ativamente para oferecer assistência e suporte às sobreviventes de violência doméstica. Essas iniciativas visam criar um ambiente seguro para as atletas femininas prosperarem, sem o medo constante de assédio ou violência.
O trabalho dessas organizações é crucial para mudar a cultura e providenciar recursos e educação sobre os direitos das mulheres e a importância da segurança. Através da conscientização e do apoio contínuo, há esperança de que as futuras gerações de atletas femininas quenianas possam competir com segurança e dignidade.