Paulista quer ser primeiro sul-americano a cruzar Estreito de Tsugaru

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Morando no Japão desde 2019, o ex-nadador de provas de piscina e ultramaratonista aquático Ulisses Utida, 36 anos, treina para se tornar o primeiro sul-americano a cruzar o Estreito de Tsugaru. “Venho de uma família de nadadores. E quando me mudei para cá com a minha esposa procurei logo de cara alguma prova de ultramaratona para fazer”, disse o atleta à reportagem da Agência Brasil. Utida nasceu com a natação de resistência no sangue, ele é filho de Paulo Roberto dos Santos (Paulo Paranaguá), recordista mundial reconhecido pelo Guinness Book em 1997 como a primeira pessoa no mundo a nadar 140km ininterruptamente.

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O Estreito de Tsugaru liga as ilhas de Honshu e Hokkaido. A distância no ponto mais estreito é de 19,5km. Mas, devido às correntes marítimas, ela pode até mesmo superar os 30km. O desafio também compõe o Oceans Seven, série das sete principais travessias aquáticas do mundo, que tem Canal da Mancha (entre França e Inglaterra), Canal de Catalina (Estados Unidos), Estreito de Gibraltar (entre Espanha e Marrocos), Canal do Norte (entre Escócia e Irlanda), Canal Molokai (Havaí), Estreito de Coock (Nova Zelândia) e Estreito de Tsugaru (Japão).

“Sempre tive vontade de tentar completar o desafio do Ocean Sevens. E, como uma das provas é essa aqui do Japão, nada melhor do que começar por ela. Devo fazer a prova de julho a setembro de 2022. Venho pesquisando os tempos dos atletas que já nadaram lá. É uma prova muito dura. O mínimo que o pessoal já fez é 30 km mesmo. Tem muito vento, muito tubarão, medusa. E a água é muito gelada. Pode chegar até a 12 graus. O psicológico tem que estar muito forte. A expectativa é fechar em 10 horas”. A confiança é tanta para conclui-la com êxito que ele já tem definida a próxima prova do Ocean Sevens que pretende encarrar. “Vou partir para a Nova Zelândia, o Estreito de Coock. É mais um desafio inédito para brasileiros. Depois vou seguir a programação conforme a proximidade geográfica com o Japão. Tem muitos desafios. E é isso que a gente busca. Sempre querer mais e mais dificuldades para superar”.

Em 2019, no começo da preparação, o primeiro passo para tentar concretizar o sonho e completar a prova no Japão era se filiar a um time e achar local para treinar. Ulisses e Janaína Utida, com quem ele é casado desde 2017, moram na cidade de Kosai, na província de Shizuoka. Lá, ele entrou em contato com a federação local e fez o pedido para começar a preparação. “Demorou alguns meses. Tive que cumprir alguns requisitos. É bem rígido. Mas só consegui confirmar o processo com o apoio do pessoal da Hamanako Swimming School. Quando eles abraçaram a minha ideia que eu comecei a treinar mesmo para a prova”.

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Apesar das adversidades, o paulista da cidade de Panorama não se assusta. A experiência como nadador é que traz essa confiança. São aproximadamente 30 anos de contato direto com a água. Entre outros títulos, foi campeão paulista nos 400 metros livre (com Ricardo Prado, prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984, como técnico), participou das seletivas da maratona aquática (10 km) dos Jogos Pan-Americanos do Rio (2007) e dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e tem muitas provas em mar aberto no currículo. “Com o Ricardo, eu era atleta por 24 horas. Cheguei no que sou hoje por causa dele. Na época, nadava mais de 20 km em treinos por dia”. A primeira prova de ultramaratona foi da Ilha do Mel à Paranaguá em 2009 (com a distância de 22 km) e veio em um momento de muitas dificuldades para o atleta.

“Na seletiva para o Pan do Rio, eu passei mal e não consegui completar a prova. Foi a primeira vez que passei por isso. Procurei um médico e tive o diagnóstico de depressão. Fiquei me arrastando durante os anos de 2007 e 2008. Fiz a seletiva olímpica, mas não consegui a vaga. Então praticamente ninguém acreditava que eu iria conseguir completar essa prova em 2009. Mas eu sabia que precisava daquilo. Tive alguns sinais. Não sei explicar. Digo que a ultramaratona aquática me salvou. Saí da água naquele dia como uma nova pessoa”.

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Em 2010, ele concluiu também o desafio Antonina/Paranaguá e finalizou os 43 km em 10h33min. Em 2017, ele nadou completou o Desafio “12 horas Noturno”, com 65 km percorridos das 21h às 9h no Rio Paraná. “Foi o ano que eu conheci a minha esposa. Já tinha parado de participar dessas provas. Estava dando aulas de natação e hidroginástica e foi ela que me incentivou a voltar. Aquela foi a minha prova mais especial. Foi muito difícil de completar o trajeto. Mais precisava chegar até o final de qualquer forma porque depois da chegada eu pedi a Janaína em casamento. Foi demais”.

Além do lado esportivo, Ulisses e Janaína encerraram uma rotina pesada como dekasseguis (trabalhadores temporários). Ele atua na linha de montagem de motores de uma montadora de automóveis. Ela trabalha em uma fábrica de autopeças. “O dia a dia é bem puxado. Eu acabo usando os meus treinos na água até como uma forma de relaxar e sair um pouca dessa pressão toda”.

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Agência Brasil

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