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Quem é a fisiculturista brasileira conhecida como ‘Ferrari Humana’?

Após passar por uma depressão pós-parto, Francielle se encontrou no esporte e é o maior nome do ramo no Brasil

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A fisiculturista Francielle Mattos é campeã do Classic Arnold Ohio 2024 – Crédito: Reprodução / Arnold Sports

A principal fisiculturista brasileira, Francielle Mattos, garantiu mais um ano de favoritismo no esporte e conquistou o título Classic Arnold Ohio 2024, campeonato de fisiculturismo disputado em Columbus, nos Estados Unidos. A atleta já havia conquistado o prêmio em 2020, porém como amadora.

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A conquista veio para agregar no seu histórico admirável. Foi campeã do MuscleConstest National Pro 2020, obteve a classificação para o Olympia e emendou o tricampeonato da Wellness Olympia na sequência.

Como a fisiculturista ganhou o apelido?

Francielle deu início a sua nova vida em 2009, após o nascimento de sua primeira filha, quando passou por uma depressão pós-parto e viu na musculação uma forma de combater e superar a doença. Nascida em Toledo, Paraná, ela sempre teve contato com esportes. Começou na ginástica, a qual praticou dos 9 aos 12 anos, e também foi jogadora de futebol na adolescência.

Incentivada pela família, a brasileira passou a ter uma nova rotina, com treinos e alimentação regrados. Em 2012, foi mãe mais uma vez, porém até então o fisiculturismo nunca tinha sido algo de seu interesse.“Eu nunca pensei em competir, foi algo que aconteceu. Todo mundo na academia falava: ‘Que físico lindo. Por que você não compete?’. E eu respondia: ‘Compete no quê? Como assim? Não sei nem o que é isso'”, contou a atleta em entrevista à Folha de S. Paulo.

Em 2017, quando seu filho já tinha cinco anos, recebeu o convite para competir no esporte. Após quatro meses de preparação, venceu o Paranaense de Estreantes na categoria Wellness (bem-estar), na qual os árbitros buscam quadríceps e glúteos mais avantajados em relação à parte superior do corpo.

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Em 2019, Francielle ganhou o Arnold Classic Brasil e o Olympia Brasil Amador. Ainda como amadora, venceu o Arnold Ohio 2020. No mesmo ano, estreou no circuito profissional no MuscleContest Brazil e garantiu a sua vaga para edição inaugural da Wellness, que aconteceria no Olympia 2021. Foi na sua primeira competição nos Estados Unidos que ela recebeu o apelido de ‘Ferrai Humana’.

“Foi a primeira vez que eu fui competir nos Estados Unidos e eu estava com o biquíni vermelho. E eles falaram: ‘uau, se a Ferrari fosse humana, ela seria dessa maneira. Seria esta mulher'”, revelou em entrevista ao Fantástico. Foi o fotógrafo Will Wittmann, que, impressionado com o físico apresentado pela atleta no palco do Olympia, publicou uma foto de Francielle e na legenda fez a comparação. Depois ela ainda conquistou o prêmio por mais dois anos consecutivos.

Campeã invicta

Para a alegria de seus fãs, ‘Fran’ confirmou o favoritismo e conquistou o título do Arnold Classic Ohio 2024 pelo quarto ano consecutivo. “Eu não posso acreditar que estou em frente ao maior ídolo do bodybuilding. Eu sonhei com este momento. Eu estou muito emocionada porque em 2020 eu estava aqui lutando pelo meu pro card e venci. E hoje estou aqui, na sua frente, é um sonho”, disse Francielle ao ser parabenizada no palco por Arnold Schwarzenegger, maior nome da história do fisiculturismo e a quem o evento faz homenagem no nome.

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Francielle se tornou campeã em uma disputa com dobradinha brasileira, já que Isabelle Pereira Nunes chegou ao 2º lugar. Bruna Seredich, também do Brasil, obteve a 4ª colocação.

Preconceito sofrido pela fisiculturista no esporte

Ainda para a Folha, a atleta falou sobre as dificuldades que enfrenta por ser uma mulher em um universo tão masculino.  “O preconceito vem mais das próprias mulheres, mas o fisiculturismo feminino vem crescendo também por causa das mulheres”, conta.

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Ela ainda ressalta que a popularidade do esporte não vem somente de quem quer ser atleta, mas também das mulheres que querem mudar seu estilo de vida, assim como ela quando iniciou a carreira. “[A mulher] não precisa ter medo de ficar forte. Eu acho que a gente está conquistando o nosso espaço. Quanto mais referências a gente tiver, mais o fisiculturismo feminino vai crescer”, disse.

Boa parte do preconceito que Francielle fala sobre vem do uso de anabolizantes, tópico de certa delicadeza no esporte. Proibidos pelo Conselho Federal de Medicina para uso estético, os esteroides já são polêmicos quando se trata dos fisiculturistas masculinos. Para as mulheres, o tema é ainda mais complexo. Um dos principais efeitos colaterais do abuso dessas substâncias é a “masculinização” do corpo — surgimento de características masculinas, como engrossamento da voz, rosto mais quadrado, espinhas e aumento de pelos corporais. Entretanto, ela admite que o recurso é necessário para atingir a performance vista nos palcos.

Família

Mesmo recebendo críticas sobre o seu corpo, ‘Fran’ segue determinada em continuar fazendo o que ama com o apoio de sua família. “Sempre foi mais importante a minha própria opinião. Eu gosto, meu marido acha bonito. Então assim, está tudo certo“, disse ao Fantástico.

Hoje, mora em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, em uma chácara, onde ela e a família plantam os próprios vegetais, cuidam de um pomar e criam peixes e frangos. Lá ela pode ter mais proximidade com a família, principalmente com os filhos, que são seus maiores fãs.

 

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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