AL JAZEERA

Adolescentes palestinos do Campo de Jenin: “Queremos ser mártires”

Segundo especialistas em saúde mental, a luta contra o exército israelense significa que a morte é um cenário real para muitos jovens

Adolescentes palestinos do Campo de Jenim: "Queremos ser mártires"
Palestinos protestam contra forças isralenses (Crédito Foto: Getty Images)

Os adolescentes palestinos não hesitaram quando questionados sobre o que aspiravam ser quando crescessem: “Mártires”. A resposta foi em uníssono, referindo-se ao termo usado pelo povo da Palestina para descrever qualquer pessoa morta por israelenses.

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Mas quando eles foram questionados pela reportagem da Al Jazeera sobre o que gostariam de ser se não vivessem sob ocupação israelense, um silêncio tímido se instalou na minúscula sala de um apartamento no campo de refugiados de Jenin, onde sete amigos, de 14 a 18 anos, estavam reunidos. Não houve resposta à pergunta.

Em vez disso, os adolescentes começaram a contar como ajudaram os combatentes palestinos a responder a um grande ataque israelense na semana passada, no qual cerca de mil soldados em veículos blindados apoiados por drones e mísseis invadiram o Campo de Jenin.

Alguns disseram ter espionado posições israelenses e levado mensagens aos combatentes. Outros preparavam coquetéis molotov. Todos eles afirmaram que fizeram sua parte. “Não temos medo. Estamos acostumados com isso”, disse Araf, jovem de 17 anos.

Os comentários de Araf refletem a crença de muitos jovens em Jenin de que lutar contra a ocupação é seu principal objetivo na vida.

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Diante da falta de perspectivas de futuro, aos olhos dos jovens que moram no campo, a resistência é a única forma de enfrentar uma realidade em que soldados israelenses invadem suas casas, prendem seus pais e até matam seus amigos ou parentes.

Isso, segundo disseram alguns especialistas em saúde mental, significa que a morte muitas vezes se torna um cenário muito real.

O chefe do departamento de saúde mental da Autoridade Palestina, Samah Jabr, explica as motivações. “Os jovens olham para o destino daqueles que os rodeiam. Eles sabem que é provável que entrem em confronto com o exército e que possam morrer”, disse.

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O Campo de Refugiados de Jenin é o lar de 14 mil pessoas que vivem em menos de meio quilômetro quadrado. O território tem uma das maiores taxas de desemprego e pobreza entre todos os locais de refugiados na Cisjordânia, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

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