Hospital Al-Shifa

Após 12 horas detido pelas forças israelenses, jornalista da Al Jazeera é libertado

Hani Mahmoud, correspondente em Rafah, afirmou que seu colega foi submetido a “tortura, espancamento e detenção”

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Ismail al-Ghoul, jornalista da Al Jazeera – Crédito: Reprodução/X

Ismail al-Ghoul, jornalista da Al Jazeera, foi solto após ser detido por 12 horas e agredido pelas forças israelenses. Na manhã desta segunda-feira (18), o correspondente árabe estava, com sua equipe, fazendo a cobertura do quarto ataque do exército israelense ao Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza. Em dado momento, de acordo com testemunhas, militares de Israel o arrastaram e danificaram os equipamentos de transmissão das equipes no local.

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Após a libertação, al-Ghoul informou à Al Jazeera que as forças israelenses detiveram jornalistas em uma sala usada pelas equipes de mídia. Ele relatou que os militares obrigaram todos a tirar suas roupas e deitar de barriga para baixo, com os olhos vendados e as mãos amarradas.

Além disso, o jornalista da Al Jazeera contou que os soldados israelenses ameaçaram atirar para assustá-los caso houvesse qualquer movimento. Ele também mencionou ter ouvido dizer que alguns de seus colegas foram libertados, mas não tinha informações precisas sobre onde estavam.

Vale ressaltar que jornalistas têm utilizado o Hospital Al-Shifa – o maior de Gaza – como base para relatar sobre a guerra há mais de cinco meses. Hani Mahmoud, correspondente em Rafah, afirmou que seu colega foi submetido a “tortura, espancamento e detenção pelas forças militares israelenses, juntamente com sua equipe no terreno”.

Mahmoud, citando relatos de testemunhas, acrescentou que muitos palestinos foram agredidos e insultados verbalmente. Posteriormente, forças israelenses colocaram eles em um veículo militar e os levaram para um local desconhecido.

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A reação da Al Jazeera à detenção do jornalista

Imediatamente após o ocorrido, a Al Jazeera Media Network exigiu, em comunicado, a libertação imediata do correspondente e de outros jornalistas detidos ao lado dele.

“A Rede enfatiza que este ataque serve como uma tática de intimidação contra jornalistas para dissuadi-los de denunciar os crimes horríveis cometidos pelas forças de ocupação contra civis inocentes em Gaza”, dizia o comunicado.

Além disso, acrescentou que a detenção do jornalista da Al Jazeera faz parte de uma série de ataques sistemáticos ao veículo. Essa ação se soma aos assassinatos e Shireen Abu Akleh, Samer Abu Daqqa e Hamza Dahdouh, outros jornalistas da rede, além do bombardeamento do escritório na Faixa de Gaza.

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O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e o Instituto Internacional de Imprensa (IPI) também condenaram a detenção do jornalista da Al Jazeera.

“Os jornalistas desempenham um papel essencial numa guerra. Eles são os olhos e os ouvidos que precisamos para documentar o que está acontecendo, e com cada jornalista morto, com cada jornalista preso, nossa capacidade de entender o que está acontecendo em Gaza diminui significativamente”, declarou à Al Jazeera Jodie Ginsberg, diretora-executiva do CPJ.

Scott Griffen, vice-diretor do IPI, comentou que “isto não só ameaça a vida dos jornalistas que estão no terreno a tentar contar a história, mas também impede que o público em todo o mundo tenha acesso à verdade”.

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Por fim, até esta segunda-feira (18), pelo menos 95 jornalistas, a maioria deles palestinos, foram mortos desde o início do conflito, conforme relatado pelo CPJ.

Os ataques israelenses ao hospital

O Ministério da Saúde de Gaza relatou que as forças israelenses atacaram um dos prédios do hospital com mísseis e tiros, resultando em mortes e ferimentos entre os palestinos, além da destruição de parte do pátio do hospital. Segundo Mahmoud, o exército de Israel deteve mais de 80 palestinos, incluindo mulheres que trabalhavam na equipe médica e outros jornalistas.

“O exército israelense fez uma lista de alegações de que está procurando pessoas procuradas dentro do complexo, mas até agora não forneceu nenhuma evidência substancial… para justificar o que está acontecendo dentro de al-Shifa”, declarou o correspondente da Al Jazeera em Rafah.

Israel tem afirmado que o Hamas está se reorganizando dentro do Hospital Al-Shifa e o está utilizando para coordenar ataques. No entanto, os hospitais são uma das poucas áreas que possuem geradores, os quais são essenciais para manter os serviços de internet.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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