MUDANÇAS

Bukele toma medidas controversas e El Salvador deixa de ser um dos país mais perigosos do mundo

78 mil pessoas já foram presas, fazendo o país ter a maior taxa de encarceramento do mundo. No momento, cerca de 1% da população se encontra atrás das grades

78 mil pessoas já foram presas no governo de Bukele, fazendo o país ter a maior taxa de encarceramento do mundo.
presidente Nayid Bukele – Créditos: Getty Images

El Salvador, desde a década de 90, foi considerado um dos países mais perigosos do mundo. esta situação ocorre devido às ações de gangues, conhecidas em espanhol como “maras” ou “pandillas“. Em 2015, portanto, o país chegou a ter 107 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em comparação, na Islândia, país mais seguro do mundo, o número é de 1,8.

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Governo de Bukele

Em 2019, Nayib Bukele entrou no governo e conseguiu reduzir os assassinatos pela metade em seus primeiros dois anos de mandato. De acordo com um jornal digital, que investigou gravações e documentos envolvendo o Estado, a melhora dos números foi alcançada através de acordos secretos com as facções que dominam o país. 

Em março de 2022, o país foi acometido por uma onda de violência, que envolveu um massacre que matou 76 pessoas em 48 horas. Em resposta, o governo de Bukele decretou estado de exceção e iniciou a implementação da política de caça e combate às gangues que dominam o território.

No regime de exceção, são suspensos direitos e garantias em vários pontos: os critérios pra capturar suspeitos, o tempo que a pessoa pode ficar presa agora é indefinido, o acesso do preso a um advogado e os julgamentos, que passaram a ser coletivos“, explicou, ao Fantástico, Carlos Monterrosa, professor de sociologia da Universidade Centro-Americana.

Sobre El Salvador

El Salvador tem 6,3 milhões de habitantes e, desde o início do regime, 78 mil pessoas já foram presas. esta situação fez o país ter a maior taxa de encarceramento do mundo. No momento, cerca de 1% da população se encontra presa.

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O governo afirma que, com este regime, a taxa de homicídios caiu para 2,4 por 100 mil habitantes, o que representa uma brusca queda apresentada em 2015.

“Aqui era uma zona muito perigosa. Não dava pra andar à noite, porque logo vinham perguntar o que a gente estava fazendo. Os jovens estão saindo mais de casa e se envolvendo, não com coisas ruins, mas com as coisas de Deus”, comemora uma moradora de Colônia Montreal em entrevista ao Fantástico, um bairro humilde da capital San Salvador.

O maior símbolo da política se segurança pública do presidente é o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma megaprisão de segurança máxima, que tem capacidade para 40 mil detentos. Na prisão, localizada na cidade de Tecoluca, a 74km da capital, só são presos os criminosos considerados de altas posições dentro das facções. A instalação é tão simbólica que, no final de fevereiro, o governo convidou jornalistas internacionais para visitar o local. 

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No edifício, não há pátios, áreas externas para banho de sol ou recreação e nem espaços familiares, fator que inflige as regras mínimas para o tratamento de detentos definido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A Organização Não Governamental (ONG) salvadorenha Cristosal documentou casos de tortura, com relatos de sinais de violência física entre os detentos, e mais de 150 mortes de pessoas que estavam sob custódia do Estado durante o regime de exceção. Regime este, que tinha previsão de durar um mês, e agora já está valendo há dois anos.

O  ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Bukele, Gustavo Villatoro, defendeu as medidas em entrevista ao Fantástico. “Não se deve satanizar o regime de exceção. Quem faz isso são as elites globalistas. Claro que qualquer polícia às vezes prende inocentes. Nós estamos mudando as leis para blindar El Salvador contra o crime organizado. Eu não queria estar na pele de outro presidente que entrasse e dissesse: ‘Ai, coitadinhos dos assassinos. Já passaram tempos demais presos, o cérebro deles mudou, não são mais criminosos’. Acontece que nós, salvadorenhos, não queremos mais bandidos nas nossas ruas“, disse.

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Bukele iniciou seu segundo mandato em fevereiro ganhando as eleições com 85% dos votos. Até o momento, seu governo tem 90% de aprovação da população.

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

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