Contra a ideologia de gênero, o presidente de El Salvador, Navib Bukele, tomou a decisão de retirar este tipo de conteúdo da educação pública do país. O político afirmou que não permitirá “essas ideologias nas escolas e colégio” e o Ministro da Educação confirmou a medida.
“Confirmado: nós tiramos todo rastro da ideologia de gênero das escolas públicas”, afirmou em suas redes sociais o ministro da Educação, José Mauricio Pineda, sem dar maiores detalhes sobre a decisão e mesmo sabendo que El Salvador é um dos países com as maiores taxas de mortes violentas de mulheres da região. Dados da ONU Mulheres mostram que em 2019, a taxa de mortes violentas de mulheres foi de 6,48 para cada 100 mil.
A ONU se baseia em informações do Portal de Transparência salvadorenho, a Fiscalía General de la República, que apontam que no primeiro semestre de 2021 se denunciou o desaparecimento de 315 mulheres, enquanto a Enquete Nacional de Violência Sexual de 2019 revelou que 63% das mulheres (6 a cada 10) deve ter vivido ao menos uma circunstância de violência sexual.
“Em termos gerais, as mulheres e meninas vivem contínuas formas de violência e descriminação que têm sua base no sistema patriarcal, e que requerem uma abordagem integral e integrado para contribuir para sua erradicação“, adverte a ONU Mulheres.
A decisão de Bukele se dá uma semana após o Tribunal Eleitoral de El Salvador autenticar sua vitória nas eleições de fevereiro, com 84% dos votos. O enorme apoio da população permitiu o presidente levar adiante suas políticas controvérsias, que incluem manter o Estado de Exceção, imposto mais de um ano, e implementar medidas como a relacionada à ideologia de gênero.
Os coletivos feministas e ativistas salvadorenhas criticam as posturas do presidente, porque consideram que violam os direitos das mulheres. “É um homem altamente conservador com uma tendência muito clara para manipular a religião para passar a mensagem de que as mulheres devem estar em casa. Nosso papel é combater essa narrativa“, disse ao El País a ativista de direitos humanos Celia Medrano no início de fevereiro, no marco do processo eleitoral.
Durante a Conferência de Ação Política Conservadora, que aconteceu nos Estados Unidos, Bukele expressou que ele considera “importante que o currículo não tenha essa ideologia de gênero e todas essas coisas“, e defendeu que “os pais devem estar informados e tenham voz e voto no que seus filhos irão aprender“. O presidente já havia expressado sua opinião contra o aborto e casamento de pessoas do mesmo sexo.
*Leia matéria originalmente publicada em Perfil.com
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini