Na última terça-feira (3), o Canadá elegeu Greg Fergus, o primeiro presidente negro em toda a história de seu Parlamento. Ele irá substituir Anthony Rota, que renunciou ao cargo após homenagear acidentalmente um veterano nazista da Segunda Guerra Mundial.
“O Presidente [do Parlamento], para usar a antiga analogia do hóquei, não passa de um árbitro. E se tem uma coisa que eu sei é que ninguém paga para ir ver o árbitro. Eles vão ver as estrelas —vocês”, disse Fergus em seu primeiro discurso na Câmara.
Conforme repercutido pela Folha de S. Paulo, quem ocupa a posição está encarregado de um eventual Voto de Minerva, além de representar o legislativo e manter o equilíbrio e a ordem na Casa em meio a debates.
“A menos que haja um entendimento mútuo de respeito, não será possível compreender os argumentos para que suas opiniões sejam ouvidas. A menos que todos concordemos em estender uns aos outros esse senso de respeito e decoro”, afirmou Fergus em sua fala inicial.
Após esta declaração, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, comentou o pioneirismo da figura do novo presidente do Parlamento, ao afirmar que o ocorrido deve “inspirar todos os canadenses, especialmente as gerações mais jovens que desejam se envolver na política”.
O incidente
No dia 26 de setembro, o então presidente da Câmara, Anthony Rota, se demitiu após receber uma série de críticas por saudar Yaroslav Hunka, 98, como “herói de guerra” durante a passagem do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, ao país no último dia 22. No momento, todo o Parlamento canadense aplaudiu a presença do veterano.
O ex-militar ucraniano, que nasceu na Polônia, fez parte da 14ª Divisão de Granadeiros das Waffen-SS, a organização militar dos nazistas. Este braço, do qual Hunka fez parte, contou com 15 mil homens que serviram na frente soviética. É importante relembrar que a Waffen-SS foi declarada culpada por crimes de guerra no Tribunal de Nuremberg, após enfrentar acusações de abusos e execuções.